Exportações de calçado cresceram 25,7% e ultrapassam já 2019

Portugal vendeu ao exterior sapatos no valor de 492,7 milhões de euros nos primeiros três meses do ano. Foram 31,2 milhões de euros mais do que no primeiro trimestre de 2019
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Portugal exportou 21 milhões de pares de sapatos, no valor de 492,7 milhões de euros, no primeiro trimestre do ano, o que representa um aumento homólogo de 25,7% face ao período homólogo e de 6,8% face ao mesmo período de 2019. Um "crescimento robusto", que permite antecipar um "bom ano", admite o diretor de comunicação da associação portuguesa do calçado, a APICCAPS. Mas Paulo Gonçalves reconhece também que há algumas nuvens no horizonte, como a inflação, o aumento do custo das matérias-primas e a guerra na Ucrânia que "vieram colocar um travão na euforia do setor".

O ano de 2021 havia já terminado com boas notícias para a indústria que registou no último trimestre "o melhor último trimestre de sempre" nos mercados internacionais, o que abria boas perspetivas para o arranque de 2022. Que chegou com "bons sinais de vários mercados", com crescimentos de 17% na Alemanha (111 milhões), de 24,2% em França (106 milhões de euros), de 28,7% nos Países Baixos (75 milhões) e de 29,5% no Reino Unido (28 milhões de euros).

Mas é nos mercados extracomunitários que a "excelente performance" das exportações mais está a animar, dado que se trata de países que valorizam particularmente o calçado nacional. Destaque para o acréscimo de vendas de 64,8% para os EUA (22 milhões), de 62% para o Canadá (cinco milhões de euros), de 96% para a China (3,8 milhões) e de 37,4% para o Japão (2,5 milhões de euros).

"Estamos em crer que vai ser um bom ano e que Portugal vai ser o primeiro player de referência da indústria do calçado a atingir valores pré-pandemia", diz Paulo Gonçalves, sublinhando que as empresas portuguesas são cada vez mais procuradas para a "produção de produtos exclusivos e de segmentos altos" e começam a ser "como uma referência no domínio da sustentabilidade".

E apesar das empresas estarem com "um volume considerável de trabalho" até ao verão, este responsável não se atreve a perspetivar números para o final do ano. "Seria bom que conseguíssemos manter este ritmo de crescimento, mas não será fácil", lembrando que "ninguém consegue antecipar quais poderão ser os efeitos da guerra na Ucrânia", a par da inflação e do aumento do custo das matérias-primas.

E este acréscimo de custos é algo que preocupa a associação. "O que sentimos é que neste primeiro trimestre do ano o aumento do preço médio do calçado português - pouco mais de 3% para cerca de 23,5 euros o par - ainda não acompanhou, na íntegra, aquilo que é expectável expectável. É natural que continue a aumentar, por via do efeito das matérias-primas e nós temos procurado, de forma pedagógica e construtiva, sensibilizar os empresários que é o momento de se poder agarrar novos clientes e novos mercados, mas sem por em causa a competitividade das empresas. O aumento do preço das matérias-primas vai ter que ser refletido no preço final do calçado", diz Paulo Gonçalves, sublinhando que "as empresas têm que criar riqueza para a poderem redistribuir e, por isso, não podem hipotecar ad eternum as suas margens de comercialização e de lucro porque isso a médio prazo será altamente penalizador".

Recorde-se que esta é uma indústria que exporta "mais de 95%" da sua produção e chega a 170 países em todo o mundo.

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