Exportações de vinho em queda em abril e maio

No acumulado dos primeiros cinco meses, o setor está a perder 4,21% em quantidade e 0,11% em valor. Vendeu, no total, ao exterior, 129 milhões de litros no valor de 361,8 milhões de euros. "A falta de garrafas, paletes e de contentores já indiciava que a coisa não ia correr bem, mas não estávamos à espera de uma quebra tão grande", admite o presidente da ViniPortugal.
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As exportações de vinho estão a cair há dois meses consecutivos. Depois de crescer a dois dígitos em grande parte de 2021 e no arranque de 2022, o setor registou uma contração de 5,8% em abril e de 0,44% em maio. Está, no acumulado do ano, a perder 4,21% em quantidade e 0,11% em valor, com vendas totais de 129 milhões de litros, no valor de 361,8 milhões de euros. O preço médio por litro cresce 4,28% para 2,80 euros, por efeito da inflação.

"A falta de garrafas, paletes e de contentores já indiciava que a coisa não ia correr bem, mas não estávamos à espera de uma quebra tão grande", admite o presidente da ViniPortugal. Frederico Falcão lembra ainda o efeito da guerra, com as quebras nas exportações para a Rússia e Ucrânia, a queda "a pique" da China, ainda por efeito dos confinamentos forçados, e as quebras "menos esperadas" no Brasil e Alemanha.

Em termos globais, a quebra maior dá-se na União Europeia: Portugal exportou 59,9 milhões de litros para os mercados comunitários, no valor de 166,9 milhões de euros, o que representa uma perda 4,48% em volume e 2,73% em quantidade. O preço médio aqui sobe 1,83% para 2,79 euros por litro.

Já as vendas para os mercados extracomunitários foram menores em quantidade, mas maiores em valor: foram vendidos 69,2 milhões de litros por 194,9 milhões de euros, ou seja, 3,97% a menos em volume e 2,25% a mais em valor. O preço médio subiu 6,48% para 2,82 euros.

França, tradicionalmente o principal destino dos vinhos portugueses, caiu 6,24% em volume e 1,76% em valor. Foram vendidos para este país 16,5 milhões de litros no valor de 45,5 milhões de euros. O Brasil comprou 8,6 milhões de litros por 24,7 milhões de euros, o que representa uma quebra de 10,3% em quantidade e de 5,5% em valor. No mercado alemão as quebras são ainda mais significativas: são 8,5 milhões de litros e 21 milhões de euros, menos !7,27% e 11,58%, respetivamente.

Destaque, ainda, para a China, que perda 40,91% em quantidade e 50,7% em valor, num total de apenas 1,2 milhões de litros e 3,4 milhões de euros. Canadá e Estados Unidos, dois dos mercados que mais valorizam os vinhos portugueses, estão a comprar menos em quantidade, mas a pagar mais. O Canadá comprou 5,9 milhões de litros no valor de 23 milhões de euros, uma quebra de 5,9% em volume e um aumento de 4,81% em valor. Já os EUA estão, de momento, no lugar cimeiro dos maiores compradores: foram 11,5 milhões de litros no valor de 47 milhões de euros, o que representa menos 12,68% em volume mas mais 2,79% em valor. O preço médio neste mercado cresceu 17,72% e é já de 4,07 euros por litro.

Em termos absolutos, Angola é o país que mais com quase 5 milhões de euros a mais do que nos primeiros cinco meses de 2021. Foram 12,163 milhões de litros exportados para este país, no valor de 15 milhões de euros, o que representa um crescimento de 39,26% em quantidade e de 44,52% em valor. Mas este é também o país que menos valoriza os vinhos portugueses: o preço médio está nos 1,24 euros por litro, um valor que, mesmo assim, está 3,78% acima do período homólogo.

Do lado das subidas, Frederico Falcão aponta dois mercados com um grande crescimento e que constituem alguma surpresa: os Emirados Árabes Unidos compraram vinho português no valor de 1,266 milhões de euros, um milhão a mais do que em igual período de 2021. Já a Letónia comprou mais quase 751 mil euros. Números que a ViniPortugal precisa, ainda, de perceber. "No caso dos Emirados é estranho, mas acredito que possa ser vinho que foi reexportado para outro lado. Quanto à Letónia, muito provavelmente será uma forma indireta de chegar a Rússia", diz.

As vendas para a Rússia caíram quase 63% em volume e 64% em valor, mas, ainda assim, chegar ao mercado russo vinhos no valor de 1,5 milhões de euros. Já a Ucrânia cai 46% tanto em quantidade como em valor (680 mil euros).

Em termos de denominações., o Vinho do Porto está a crescer 0,9% e assegurou vendas totais ao exterior de 113,8 milhões. As exportações do Alentejo estão a crescer 12,6% para 30,9 milhões; a região de Lisboa exportou mais 1,25%, num total de 22,6 milhões, e o Dão está a crescer 12,63% para 8,337 milhões. A Madeira crescer 11% (6,1 milhões de euros) e a Bairrada tem um acréscimo de 35,3% (916 mil euros).

Do lado das quebras, o Vinho Verde está a cair 1,87% (35,6 milhões de euros), o Douro perde 3,84% (28,8 milhões), a Península de Setúbal tem uma quebra de 14,69% (8 milhões de euros) e o Tejo de 14,99% (4,3 milhões). As vendas ao exterior da Beira Interior recuaram 7,94% (382 mil euros) e as Beiras caíram 3,63% (360 mil euros).

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