Os dados do comércio internacional de bens mostram que, no primeiro trimestre, o valor das exportações portuguesas cresceu 4%, face a igual período do ano anterior, bem abaixo do aumento das importações, que ultrapassou os 13%, refletindo-se no agravamento do défice comercial e descida da taxa de cobertura.
Não é uma boa notícia.
Porém, como refere um estudo recente do Ministério da Economia sobre a dinâmica da especialização produtiva portuguesa no contexto das cadeias de valor globais, atendendo a que “o valor bruto das exportações que atravessa a fronteira nacional não é na sua totalidade rendimento doméstico”, importa “avaliar com precisão o processo de criação de valor de cada país ao longo das cadeias de valor globais”. Importa olhar para o valor acrescentado nacional, como medida de avaliação da capacidade - e de vantagens comparativas - com que o país se posiciona nas redes internacionais de produção.
Suportado, também, no cálculo do Índice de Vantagens Comparativas Reveladas de Balassa (conhecido pelos economistas), o estudo mostra a coexistência de diferentes situações em Portugal.
Por um lado, temos sectores em que, contrariamente à informação apurada pelo valor das suas exportações, Portugal não revela uma vantagem comparativa. É o caso das exportações do sector energético, onde o valor acrescentado nacional incorporado é, comparativamente ao resto do mundo, menos relevante. Por outro lado, temos sectores exportadores cuja vantagem comparativa revelada é amplificada face ao valor acrescentado que proporcionam. Aqui surgem múltiplos exemplos, como os Têxteis, Vestuário e Calçado; Madeira, Cortiça e Papel; Borracha e Plásticos; Metais; e Produtos Alimentares e Bebidas.
Aumentar o valor exportado é muito importante, por forma a nos aproximarmos da meta de 50% da intensidade exportadora. Mas não chega!
É necessário exportar com valor acrescentado nacional, por forma a assegurar que o valor das exportações portuguesas seja também, em larga proporção, rendimento do nosso país.
É um objetivo e um caminho que a AEP tem vindo a trilhar, através de Programas como o Portugal Sou Eu e o Business On the Way, dirigidos à valorização da oferta nacional e à participação das empresas portuguesas nos mercados externos, respetivamente. Manteremos e aprofundaremos este rumo, o qual nos parece ser o mais correto!
Paulo Nunes de Almeida, presidente da Associação Empresarial de Portugal