Os críticos das redes sociais online consideram que estas representam um perigo devido a serem uma echo chamber (câmara de eco) onde as opiniões que exprimimos (sobre um produto, uma pessoa ou uma notícia) são recebidas de volta constantemente através de partilhas e re-partilhas dos nossos contactos mais próximos, reforçando assim as nossas crenças individuais e criando barreiras a um discurso critíco na nossa rede social.
Mas um estudo levado a cabo por uma equipa de investigadores do Facebook liderada por Eyta Bakshy demonstra que sim, a rede social é uma echo chamber mas até certo ponto.
Até aqui o estudo não demonstra nada de novo, mas eis que a equipa de Bakshy consegue avançar com algo de verdadeiramente novo, os nossos contactos ou ligações mais fracas (o primo que está em França há 12 anos, a ex-namorada, ou o João Filipe que foi nosso colega no secundário) são quem nos revela informação nova, partilhando links que são desconhecidos das nossas ligações mais fortes, fazendo com que o eco da 'echo chamber' desapareça de forma a recebermos informação que de outra forma não teriamos recebido.
Esta equipa de dados da rede social leva a cabo estudos académicos sobre o comportamento do utilizadores nas redes sociais online, de acordo com o Slate.
No estudo empírico foram observados 253 milhões de utilizadores activos do Facebook, num momento em que existiam 500 milhões, e mais de 75 millhões de links partilhados, tendo no total o estudo observado cerca de 1,2 mil milhões de situações em que alguém viu ou não determinada ligação.
Normalmente quando um dos nossos amigos partilha uma ligação no Facebook, a rede social usa um algoritmo conhecido como EdgeRank para determinar se o link vai ou não surgir no nosso feed de notícias.
Na experiência de Bakhsy, conduzida ao longo de sete semanas no verão de 2010, uma pequena fracção de links partilhados foi censurada ao acaso - isto é, se um amigo partilhou um link que a EdgeRank determinou que nós devemos ver, por vezes não surgia no nosso feed. O bloqueio de links ao acaso permitiu a Bakshy criar duas diferentes populações no Facebook.
Num grupo, alguém iria ver uma ligação postada por um amigo e decidir se partilhava ou ignorava. As pessoas no segundo grupo não iriam receber a ligação - mas se a vissem noutro sítio além do Facebook, estas pessoas poderiam decidir partilhar esta mesma ligação.
Ao comparar os dois grupos, Bakshy respondeu a algumas questões importantes sobre como vemos notícias online. Estão as pessoas mais dispostas a partilhar informação porque os seus amigos partilham? E se "estamos" mais dispostos a partilhar histórias que os outros vêem, que géneros de amigos levam-nos a re-partilhar mais vezes - amigos próximos, ou pessoas com quem não interagimos muitas vezes?
Por último, a experiência permitiu a Bakshy ver quanta "informação nova" - isto é, informação que não teríamos partilhado se não tivéssemos a visto no Facebook - viaja através da rede. Isto é importante para perceber as "echo chambers". Se um algoritmo como o EdgeRank dá primazia a informação que nós teriamos visto de qualquer forma, isto iria fazer do Facebook a "echo chamber" das nossas próprias crenças.
Mas se o EdgeRank puxar informação nova através da rede, o Facebook tornar-se numa fonte de notícias credível em vez de ser apenas uma reflexão do nosso pequeno mundo.
Isto foi exactamente o que o Bakshy descobriu:
1 - Em primeiro lugar, ele descobriu que quanto mais próximos estamos com um amigo no Facebook, quantas mais vezes comentamos nos posts deste amigo, quantas mais vezes surgimos juntos nas fotografias, etc., mais a probabilidade de partilhar os links desta pessoa.
À primeira vista parece a confirmação da echo chamber: Nós fazemos eco dos nossos melhores amigos.
2 - A descoberta mais crucial de Bakshy é a seguinte: Apesar de ser mais provável partilharmos informação com os nossos amigos mais próximos, ainda partilhamos coisas das nossas ligações mais fracas - e os links destes laços mais fracos são as ligações mais recentes na rede.
Estas ligações dos nossos laços mais fracos são as que nos mostram informação que não teríamos visto se não estivéssemos no Facebook.
3 - Estas ligações dos nossos laços mais próximos, entretanto, contêm mais informação que teríamos visto noutro local se um amigo não a tivesse postado.
Estas ligações fracas "são indispensáveis" para a nossa rede, diz Bakshy. "Elas têm acesso a sites diferentes que tu não visitas normalmente".
4 - O facto dos laços mais fracos revelarem-nos informação nova não seria importante se só tivéssemos meia dúzia de ligações fracas no Facebook. Mas afinal a maior parte dos nossos relacionamentos no Facebook são muito fracos.
5 - Mesmo se considerarmos que a definição solta de "ligação forte" - alguém de quem recebemos uma mensagem ou comentário - muitas pessoas ainda tem mais ligações fracas do que fortes. E isto significa que, quantos consideramos em agregado, as nossas ligações fracas - como o seu acesso a nova informação - são as pessoas mais influentes nas nossas redes.
Apesar de ser mais provável que partilhemos uma coisa postada por um amigo próximo, temos muitos mais simples conhecidos a postar coisas que os nossos amigos mais próximos ficam para trás.