FAO. Pesca e aquacultura com recorde de 223,2 milhões de toneladas em 2022

Consumo global de animais aquáticos cresceu 3% ao ano entre 1961 e 2021, mas registou-se menos um milhão de empregos na pesca e aquacultura entre 2020 e 2022
André Rolo/Global Imagens
André Rolo/Global ImagensAndré Rolo/Global Imagens
Publicado a

A produção global da pesca e aquacultura atingiu um recorde de 223,2 milhões de toneladas em 2022, o que representa um crescimento de 4,4% desde 2020, segundo um relatório da FAO divulgado nesta sexta-feira.

"A produção total da pesca e da aquacultura atingiu um recorde histórico de 223,2 milhões de toneladas em 2022", indicou o relatório "O Estado Mundial da Pesca e da Aquicultura -- A Transformação Azul em Ação 2024" da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).

Neste valor incluem-se 185,4 milhões de toneladas de animais aquáticos e 37,8 milhões de toneladas de algas.

Segundo esta análise, 62% dos recursos aquáticos animais foram capturados em áreas marinhas e 38% em águas interiores.

Destacam-se os países asiáticos, que foram responsáveis por 70% da produção de animais aquáticos.

Seguem-se os países da Europa (9%) e da América Latina e Caraíbas(9%), África (7%), América do Norte (3%) e Oceânia (1%).

A China mantém-se no pódio (36%), seguida pela Índia (8%), Indonésia (7%), Vietname (5%) e Peru (3%).

A produção aquícola também atingiu um recorde de 130,9 milhões de toneladas em 2022, o que corresponde a cerca de 313.000 milhões de dólares (288.000 milhões de euros).

A produção inclui 94,4 milhões de toneladas de animais aquáticos e 36,5 milhões de toneladas de algas.

Volta a destacar-se a Ásia, com um peso de 91,4% do total geral, seguida pela América Latina e Caraíbas (3,3%), a Europa (2,7%), África (1,9%), América do Norte (0,5%) e Oceânia (0,2%).

China, Indonésia, Índia, Vietname, Bangladesh, Filipinas, República da Coreia, Noruega, Egito e Chile produziram 89,8% do total.

Já no que diz respeito apenas à pesca, contabilizou-se, no ano em análise, 91 milhões de toneladas de animais e 1,3 milhões de toneladas de algas.

A China liderou as pescas (14,3%), seguida pela Indonésia (8%), Índia (6%), Peru (5,8%), Federação Russa (5,4%), EUA (4,6%), Vietname (3,9%) e Japão (3,2%).

A captura marinha (43%) continua a ser a principal fonte de animais aquáticos globais.

"Cerca de 85% da produção marinha diz respeito a peixes ósseos, principalmente anchova (4,9 milhões de toneladas), escamudo Alasca (3,4 milhões de toneladas) e atum 'skipjack' (3,1 milhões de toneladas)", detalhou.

As capturas de espécies valiosas continuam a aumentar, com 8,3 toneladas de atum e espécies afins, 3,9 milhões de toneladas de cefalópodes e 3,3 milhões de toneladas de camarões e lagostas.

A FAO perspetivou um aumento da pesca, aquicultura e do respetivo comércio até 2032, embora com taxas de crescimento mais lentas.

A produção mundial de animais aquáticos deverá atingir 205 milhões de toneladas em 2032, sendo 111 milhões de toneladas da aquacultura e 94 milhões de toneladas da pesca, com um crescimento, respetivo, de 17% e 3%.

O consumo aparente de animais aquáticos vai progredir 12%, dando resposta a um consumo 'per capita' de 21,3 quilogramas em 2032.

As exportações também vão aumentar, mas vão representar 34% da produção total em 2032, abaixo dos 38% de 2022.

Os preços devem continuar a "cair ligeiramente" até 2025-2027, antes de uma nova subida.

CONSUMO

O consumo global de animais aquáticos cresceu 3% ao ano entre 1961 e 2021, acima do aumento verificado no consumo de carne, concluiu o mesmo relatório da FAO.

Em 2021, o consumo animais aquáticos atingiu 162,5 milhões de toneladas.

"O consumo aparente global de animais aquáticos foi de 162,5 milhões de toneladas em 2021, fixando o crescimento médio anual em 3% desde 1961, excedendo o [aumento] combinado de todas as carnes terrestres, que foi estimado em 2,7%", indicou o estudo.

A Ásia foi responsável por 71% do consumo aparente, seguida pela Europa (10%), África (8%), América do Norte (5%), América Latina e Caraíbas (4%) e Oceânia (1%).

Já o consumo 'per capita' passou de 9,1 quilogramas (kg) por ano em 1961 para 20,6 kg por ano em 2021.

Entre 1961 e 2021, o consumo combinado de animais aquáticos na Europa, Japão e EUA afundou de 47% para 18% do total.

Por sua vez, na China, Indonésia e Índia passou de 17% para 51%. Só a China absorve 36% do total.

"Os países com rendimentos mais baixos, geralmente, dependem mais fortemente de proteínas animais aquáticas. Para isto contribui a acessibilidade e disponibilidade destes alimentos", referiu.

A FAO perspetivou um aumento da pesca, aquicultura e do respetivo comércio até 2032, embora com taxas de crescimento mais lentas.

A produção mundial de animais aquáticos deverá atingir 205 milhões de toneladas em 2032, sendo 111 milhões de toneladas da aquacultura e 94 milhões de toneladas da pesca, com um crescimento, respetivo, de 17% e 3%.

O consumo aparente de animais aquáticos vai progredir 12%, dando resposta a um consumo 'per capita' de 21,3 kg em 2032.

As exportações também vão aumentar, mas vão representar 34% da produção total em 2032, abaixo dos 38% de 2022.

Os preços devem continua a "cair ligeiramente" até 2025-2027, antes de uma nova subida.

EMPREGO

O setor da pesca e da aquacultura empregava 61,8 milhões de pessoas em 2022, com destaque para a Ásia, uma descida de um milhão relativamente a 2020, lê-se no mesmo trelatório das Nações Unidas.

"Em 2022, o setor primário da pesca e da aquacultura empregou 61,8 milhões de pessoas, o que compara com 62,8 milhões em 2020", concluiu o estudo.

Destes, 54% integram o setor da pesca e 36% o da aquacultura, enquanto os restantes 10% não têm um subsetor indicado.

A Ásia foi responsável pela grande maioria (85%) desses postos de trabalho.

Seguem-se África (10%) e a América Latina e Caraíbas (4%).

O peso combinado da Europa, América do Norte e Oceânia representa apenas 1%.

No caso da aquacultura, a maioria dos trabalhadores também estava na Ásia (95%), Seguindo-se África (3%), América Latina e Caraíbas (2%).

Nas pescas, 77% da força de trabalho estava na Ásia, 16% em África e 5% na América Latina e Caraíbas.

Em 66% do total de empregos os dados estão desagregados por género, verificando-se que 24% dos pescadores e piscicultores e 62% dos trabalhadores da área de processamento são mulheres.

Mais de metade dos homens e mulheres trabalham a tempo inteiro neste setor.

Contudo, o relatório aponta que as desigualdades de género continuam a persistir no setor das pescas, nomeadamente no que diz respeito às diferenças salariais.

EXPORTAÇÕES

As exportações globais de animais aquáticos tiveram um crescimento médio real de 4% ao ano entre 1976 e 2022, passando de 7.900 milhões de dólares para 192.000 milhões de dólares, ainda de acordo com as Nações Unidas.

"As exportações de animais aquáticos aumentaram de 7,9 mil milhões de dólares [7,3 mil milhões de euros] em 1976 para 192 mil milhões de dólares [177 mil milhões de euros] em 2022", segundo o mesmo relatório.

Verificou-se assim um crescimento anual de 7,2% em termos nominais e de 4% em termos reais.

Para esta evolução contribuiu a liberalização das políticas comerciais, a redução dos custos de transporte e a melhoria da tecnologia, logística e do armazenamento.

A China mantém-se como o principal exportador de produtos de origem animal aquática (12% em valor), seguida pela Noruega (8%), Vietname (6%), Equador (5%) e Chile (4%).

A União Europeia importou 62.700 milhões de dólares (quase 58.000 milhões de euros) em produtos de origem animal aquática.

Em 2022, os animais aquáticos mais transacionados foram os peixes ósseos, seguidos pelos crustáceos, moluscos e outros invertebrados.

Por espécie, destacam-se os salmonídeos, camarões, bacalhau, pescada, arinca, atuns, bonitos, peixes-agulha e cefalópodes.

A FAO perspetivou um aumento da pesca, aquicultura e do respetivo comércio até 2032, embora com taxas de aumento mais lentas.

A produção mundial de animais aquáticos deverá atingir 205 milhões de toneladas em 2032, sendo 111 milhões de toneladas da aquacultura e 94 milhões de toneladas da pesca, com um crescimento, respetivo, de 17% e 3%.

O consumo aparente de animais aquáticos vai progredir 12%, dando resposta a um consumo 'per capita' de 21,3 kg em 2032.

As exportações também vão aumentar, mas vão representar 34% da produção total em 2032, abaixo dos 38% de 2022.

Os preços devem continua a "cair ligeiramente" até 2025-2027, antes de uma nova subida.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt