
O ano de 2025 será de consolidação e de implementação de projetos de inovação. A convicção de Hélio Silva, fundador e CEO da EVOX Technologies, é desde logo suportada pelo sucesso da primeira iniciativa do ano: a apresentação de mais uma tecnologia inovadora durante o evento “Final Four Allianz Cup 2024-2025”, que decorreu em Leiria. Em parceria com a Exatronic, e com o apoio da EGF (Environment Global Facilities) e a ValorLis (Valorização e Tratamento de Resíduos), a solução DR1 “marca um avanço significativo na gestão de resíduos, e posiciona-se como uma solução revolucionária para este setor”, explica o responsável da EVOX.
Trata-se de uma tecnologia que permite a deteção de resíduos e que recompensa os comerciantes que mais participarem na reciclagem destes materiais. Uma solução que vai ao encontro da visão da tecnológica para o setor. “A boa vontade das pessoas para reciclar já não chega”, afirma Hélio Silva, que acredita que “aqueles que participam devem ser premiados”.
Mas este é apenas um exemplo da panóplia de soluções inovadoras que nascem da investigação e do trabalho da equipa desta empresa, criada em 2016 e com sede em Castelo Branco, com o objetivo de se posicionar no setor tecnológico dos resíduos. A aposta inicial foi o desenvolvimento de sensores e também a especialização que lhes trouxe reconhecimento. No entanto, e como revela o fundador, “não foi isso que nos trouxe até aqui”. Hélio Silva reconhece que foi o próprio mercado que colocou a empresa no caminho certo, e que demonstrou que aquela “não era a tecnologia certa para aquele momento”. A adaptação foi, nas suas palavras, “natural” e a aposta foi na especialização no desenvolvimento de software de gestão de todo o sistema de gestão de resíduos, a partir da plataforma 360 Waste.
Crescimento consolidado passo a passo
Os primeiros três anos de atividade na EVOX Technologies foram difíceis e exigiram muita perseverança. “Quando avançámos, em 2016, não tínhamos clientes, apenas ideias”, conta Hélio Silva, responsável por todo o investimento inicial através de capitais próprios. A estratégia de divulgação começou na região e implicou, revela o CEO, “batermos porta a porta dos nossos potenciais clientes à procura da primeira adjudicação”. As empresas de gestão de resíduos Valnor e Resiestrela foram os primeiros clientes, e acabaram por determinar o futuro modelo de negócio da tecnológica.
O reconhecimento da relevância das soluções da EVOX, e o desafio para desenvolver outras tecnologias que fossem ao encontro das necessidades destas empresas, criaram uma relação de parceria que Hélio Silva garante que se mantém até hoje. “Os clientes foram-nos desafiando sempre para desenvolver novas tecnologias, novos automatismos...no fundo, cuidávamos deles e eles de nós”. Além disso, acrescenta, “tudo que mexe tem um sensor, tem um KPI, e pode ser medido, mas é fundamental ouvirmos os nossos clientes que participam no desenvolvimento do produto, o que nos dá uma vantagem estratégica muito grande”.
Aos poucos, e com maior crescimento a partir de 2019, a EVOX entrou no mercado privado dos resíduos e, gradualmente, no intermunicipal. Desde 2021, a empresa deu mais um passo ao chegar ao mundo dos municípios onde, garante o CEO, “ainda há muito potencial de crescimento”. Hoje, a empresa já conta com a presença das suas soluções tecnológicas de gestão de resíduos de norte a sul do país e, em 2024, deu o primeiro passo para a internacionalização rumo à vizinha Espanha.
O sonho é, claro, chegar a outros mercados, mas não será para já. Países como o Reino Unido podem ser uma opção interessante, reconhece o CEO, uma vez que dispõe de uma capacidade financeira muito maior e “é mais aberto à entrada de pequenas empresas que demonstrem ter valor”. Além disso, este é também um mercado que pode servir de montra às soluções da EVOX e contribuir para catapultar o negócio, mas exige um investimento.
Convicto de que as empresas devem crescer de forma orgânica, Hélio Silva não põe atualmente de lado um apoio, por exemplo, de capital de risco. Nesta altura, assegura o fundador, uma injeção financeira poderia “conduzir a EVOX a um patamar muito interessante”. Ainda assim, o CEO não procura ativamente o financiamento, acreditando que se houver interesse pelo negócio, a oportunidade surgirá.
Para catapultar o crescimento da equipa, a EVOX contou já com o apoio de dois projetos financiados por fundos comunitários “com muito bons resultados”. O objetivo passa por continuar a usar estas fontes de capitalização, nomeadamente através de projetos de investigação e desenvolvimento “para criar produtos de valor acrescentado e usá-los para o nosso crescimento orgânico”.
Para meados do ano, Hélio Silva promete novidades sobre um projeto-piloto que a empresa está a preparar com o município de Castelo Branco e que, garante, “é realmente uma tecnologia fora da caixa na área de recolha de resíduos, no qual vamos colocar um conjunto de sensores com inteligência artificial, e fazer algumas magias automatizadas”.
Até lá, o trabalho continua a contribuir para otimizar operações e reduzir o impacto ambiental da gestão de resíduos, desde as rotas dinâmicas de recolha do lixo que levam os camiões apenas aos contentores que têm um determinado nível de lixo (informação transmitida por sensores RFID), à gestão de reclamações em tempo real. “Praticamente só falta conduzir o camião à distância, mas havemos de lá chegar”, brinca.