
Simplificar o processo de arrendamento de longa duração foi a ideia que por detrás da criação da Flatio. Radim Razek, CEO da empresa, conta a história ao Dinheiro Vivo: “Tínhamos uma vasta experiência na gestão do maior portal de alojamento para estudantes, e na gestão de 500 apartamentos Isso inspirou nosa desenvolver o nosso próprio software que automatiza três principais passos: visitas virtuais em 3D, contratos de arrendamento normalizados e assinatura digital de contratos”. O responsável acrescenta que esta abordagem resolve as ineficiências comuns do mercado,como a necessidade de visitar inúmeros apartamentos, trocar e-mails intermináveis, lidar com métodos de pagamento complicados.
A premissa parecia simples, mas a empresa teve de ultrapassar alguns desafios. Desde logo, “a relutância dos senhorios de alojamentos tradicionalmente de longa duração em aceitar reservas online sem conhecer pessoalmente os inquilinos”. Razek revela que em 2016 a Flatio investiu cerca de 200 mil euros, ao longo de cinco meses, mas quase não conseguiu gerar reservas. Para ultrapassar a situação, a empresa decidiu mudar o foco do dos arrendamentos tradicionais de longa duração para um modelo mais flexível de estada mensal.
“Ao gerir 500 apartamentos, descobrimos que muitos estudantes só precisavam de um lugar para um semestre, mas tinham de assinar contratos anuais e depois rescindi-los”, conta o CEO. Havia uma lacuna no mercado de arrendamentos de médio prazo que os hotéis (que eram demasiado caros) ou os arrendamentos normais de longo prazo (sem mobília e com contratos longos) não cobriam. “A nossa orientação passou então para anfitriões, como os que se encontram no Airbnb, que estavam interessados em oferecer arrendamentos mensais, o que nos ajudou a mudar radicalmente de direção e a começar a crescer”, prossegue.
Para se diferenciar de outras soluções existentes no mercado, a Flatio “destaca-se pela sua ênfase na segurança e nas estadas sem depósito”. Ou seja, exige “que todos os anfitriões aceitem um contrato de arrendamento equilibrado, que protege tanto os anfitriões como os inquilinos”, e que é assinado através da empresa. A Flatio oferece ainda “um seguro de arrendamento único que cobre até 20 mil euros” e a política “de isenção de depósito alivia os encargos financeiros dos inquilinos”.
Na opinião deste empreendedor, e tendo em conta a atual crise imobiliária, a Flatio aumenta assim o número de alojamentos a preços acessíveis, incentivando os proprietários, habituados a arrendamentos de curta duração, a listar as suas propriedades para estadas mensais ou de maior duração, o que, por sua vez, cria mais opções para os inquilinos locais e internacionais que procuram soluções flexíveis.
Ao todo, e ao longo dos anos, a empresa já investiu cerca de sete milhões de euros no desenvolvimento de produtos, vendas e aquisições estratégicas, melhorando continuamente a plataforma e “alargando o alcance no mercado e melhorando a experiência dos nossos utilizadores”.
“O nosso principal objetivo, em Portugal, é aumentar os nossos anúncios ativos de 5 mil para 10 mil, criando mais opções para os inquilinos locais e internacionais que procuram estadas flexíveis”, adianta o responsável da Flatio.
A par disso a empresa está a trabalhar com um novo parceiro que permitirá suportar meios de pagamentos locais em mais de 100 países, “tornando as transações mais simples e inclusivas para a [nossa] base de utilizadores global”.
Quanto a melhorias do produto, Razek afirma que a Flatio está a revolucionar o sistema de filtros de pesquisa para que os hóspedes possam personalizar os resultados por estilo de vida e necessidades de tempo. “Em vez de procurar apenas um local específico ou um conjunto de comodidades, os viajantes podem ver espaços disponíveis para qualquer período de 30 dias – quer queiram estar perto da praia, mergulhar na cultura local, encontrar ótimas oportunidades para caminhadas ou desfrutar de um clima específico. Isto traz uma sensação de liberdade e aventura ao processo de pesquisa, ajudando as pessoas a descobrir o lar perfeito longe de casa”, explica o executivo.
Melhorias que tê, como objetivo, em 10 anos, fazer com que a Flatio seja a plataforma de arrendamento mais segura e acessível do mundo, especialmente para nómadas digitais, trabalhadores remotos e slow travelers, admite. “A nossa visão é oferecer uma vasta gama de anúncios de alojamentos de anfitriões locais em todos os principais destinos onde os nómadas querem viver, garantindo a liberdade de movimento e a equidade nos preços”, refere. “Procuramos ser valorizados pela nossa abordagem segura e sem depósito e pelo nosso empenho em tornar as estadas mais longas e flexíveis acessíveis a todos. Respeitando e adaptando-nos continuamente à evolução das necessidades da nossa comunidade, através de ferramentas inovadoras, uma cobertura de seguro robusta e reservas sem esforço, manter-nos-emos na vanguarda de uma nova era de vida e trabalho global.”