
A ideia inicial era aplicar a inteligência artificial (IA) ao marketing digital. Mas os quatro fundadores da Noxus - João Pedro Almeida (CEO), Jorge Pessoa (CTO), Miguel Ribeiro (Lead Product Designer) e Goncalo Ferreira (Lead Frontend Engineer) – mas rapidamente, pela primeira interação com clientes, perceberam que as organizações, principalmente as de grandes dimensões, tinham a necessidade de aplicar IA para fazer a automatização de processos complexos.
A questão, explicou João Pedro Almeida, em entrevista ao Dinheiro Vivo, prende-se com o facto de as grandes empresas não terem os recursos técnicos para fazer a construção de colaboradores de IA que conseguem automatizar os processos. Porque as pessoas que normalmente têm esse conhecimento não só técnicas, mas têm o conhecimento da lógica do negócio. Foi através desta realidade que os quatro amigos perceberam que havia uma oportunidade “para o trabalho que nós normalmente fazíamos como engenheiros começar a ser democratizado e passado para pessoas que não têm esse conhecimento técnico”.
Tudo começou no ano passado. Hoje a Noxus disponibiliza “aquilo que nós chamamos de sistema operativo da AI numa ótica de no-code”, explica João Pedro Almeida, acrescentando que funciona numa ótica muito mais visual de construção daquilo que é um colaborador da AI.
Apesar de ser uma solução que praticamente pode ser utilizada por empresa de qualquer dimensão e de qualquer setor a Noxus está atualmente a direcionar os seus esforços a organizações com faturação acima dos 100 milhões de euros e a trabalhar nos setores da saúde, serviços financeiros, nomeadamente seguradoras e ainda o setor do retalho.
A escolha pelas grandes organizações tem uma explicação: “queremos ter um impacto grande nas empresas” explica o CEO da Noxus, que acrescenta que o investimento necessário para o licenciamento da plataforma – cerca de 60 mil euros ano (valor médio) – obriga a que haja “uma aposta estratégica bastante grande da empresa para procurar o ROI na nossa plataforma”.
Não se trata de consultoria. Como refere o CEO da Noxus, “a nossa plataforma ajuda as empresas sem terem de construir toda a base de tecnologia que normalmente teriam de construir elas mesmas para poderem ter em execução este tipo de colaboradores (IA)”. O CEO exemplifica com um dos clientes da empresa, entidade na área da saúde, em que a Noxus construiu um colaborador de AI que lhes permite gerir grande parte das comunicações com os clientes. “Não se trata de a automatização da comunicação com os clientes, mas gerir a comunicação nos hospitais e nas clínicas”, aponta João Pedro Almeida, acrescentando que isso permite a que uma empresa dessa dimensão consiga escalar o seu negócio sem ter aquilo que normalmente são os problemas de escalabilidade e de recursos humanos. Resumindo, na conseguem ter um colaborador que lhes acrescenta milhares de horas de extra de capacidade. Em termos de números isso permitiu à entidade poupar 700 horas por mês, automatizando parte das suas funções de análise de reclamações de clientes.
Para se ter uma perceção do potencial ganho convém referir que, segundo a Noxus, na Europa, os trabalhadores desperdiçam quase dois dias por semana em tarefas que poderiam ser automatizadas, o que representa um custo anual a rondar os 300 mil milhões de euros
A empresa, que teve agora a sua primeira ronda de investimento – onde conseguiu angariar 1,5 milhões de dólares – vai utilizar o montante para escalar a equipa “até cerca de 20 pessoas”. Um conforto financeiro que permite ter mais pessoas, alguma flexibilidade para continuar a melhorar o produto, conquistar mais clientes e continuar a dar um bom suporte ao produto.
Como refere o CEO da Noxus, a empresa angariou 1,5 milhões de dólares em financiamento pre-seed. Liderada pela SFC Capital, a ronda contou também com a participação da Bynd Venture Capital, Altair Capital, Caixa Capital e business angels do ecossistema como Luis Amaral, acionista do Eurocash Group e Observador, João Menano, ex-Google e fundador da James.AI, e Django L’Or, fundador da Paybyrd e Kuanto Kusta.
Neste momento, e segundo João Pedro Almeida a Noxus já tem clientes em Portugal, Polónia e Holanda. Na verdade, como refere a empresa, em apenas seis meses após o lançamento, conseguiu garantir contratos empresariais de seis dígitos nos setores da saúde, das finanças e retalho. Agora quer “crescer a nível europeu”. Para isso está a começar a explorar outros mercados. E, “se as coisas correrem bem, levantar mais capital para continuar a crescer”.