Fazenda do GES no Brasil fica sem comprador

Cobrape é uma das entidades cujo produto da venda será arrestado pelo Ministério Público para pagar aos credores da Rioforte
Publicado a

A venda da Companhia Brasileira Agropecuária (Cobrape), uma das empresas da Rioforte no Brasil ficou sem comprador. A empresa - que produz arroz, sementes de soja e a criação de gado numa fazenda que ocupa cerca de 20.500 hectares - foi colocada à venda pela sociedade do Luxemburgo que está a gerir a insolvência das entidades do Grupo Espírito Santo (GES), em abril de 2016, mas o processo ficou deserto, segundo a informação disponibilizada na página da Espirito Santo Insolvencies.

“O processo de venda da Cobrape foi executado de acordo com as regras pré-definidas. Não tendo sido recebidas propostas vinculativas o processo chegou ao fim sem uma transação finalizada”, lê-se numa nota publicada no site com a data de 25 de abril.

A Cobrape, que no relatório de 2013 da Rioforte tinha ativos de 114 milhões de reais (15 milhões de euros) é uma das entidades cujo produto da venda está sob arresto do Ministério Público. Mas não é a única: a Herdade da Comporta também faz parte da lista de entidades cujo produto da venda será arrestado pelo Ministério Público, com o objetivo de conseguir ressarcir uma parte das perdas aos credores da Rioforte - no final de 2016, segundo o relatório dos curadores, a Rioforte tinha ativos para pagar apenas 4% das reclamações de créditos recebidas. Só a Pharol, antiga PT, reclama um default de 897 milhões de euros.

A decisão de arresto das receitas da venda da Herdade da Comporta consta do relatório anual dos curadores do Luxemburgo, naquilo que foi uma condição da Justiça portuguesa para que o processo de venda pudesse avançar. A venda arrancou em setembro, com o acordo das autoridades portuguesas, depois de vários atrasos devido à falta de documentação exigida pelo Ministério Público para desbloquear o processo. As propostas para ficar com os 57% que a Rioforte tem na Herdade da Comporta tinham de ser entregues até novembro mas os resultados da operação ainda não foram divulgados. O resto do capital da Herdade é detido pela sociedade Nelia e por acionistas minoritários.

O processo está a ser conduzido pelo Haitong, ex-BES Investimento. Segundo noticiou o Expresso na altura em que o processo foi relançado a CBRE terá feito uma avaliação da Herdade, que rondará os 420 milhões de euros, a que terão depois de ser descontadas as dívidas do fundo e da própria Herdade, na ordem dos 130 milhões de euros.

Esta não é a primeira vez que se tenta vender a Herdade da Comporta, depois da queda do GES e insolvência de várias empresas associadas ao grupo. Em junho de 2015 o processo despertou o interesse de dois empresários norte-americanos donos do fundo Armory Merchant Holdings, que ofereceram 400 milhões de euros pela totalidade do ativo, incluindo as dívidas existentes.

O processo de venda foi, contudo, suspenso, no âmbito do processo de arresto dos ativos da Rioforte. Este arresto levou a que o fundo norte-americano tenha deixado vencer a proposta de aquisição, assim como a compra de um crédito de cerca de 100 milhões de euros que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) tem na Herdade da Comporta.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt