O setor das feiras e eventos foi dos mais afetados com a pandemia. Em 2020, praticamente não houve feiras, a não ser as realizadas em janeiro e fevereiro e, em 2021, apesar de alguma retoma a seguir ao verão, o ano revelou-se ainda "muito difícil". Com largas dezenas de eventos já marcados para 2022, Associação AIP e Exponor, os dois maiores operadores do setor, mostram-se "muito confiantes" na recuperação no novo ano.
No período pré-pandemia, a Fundação AIP recebia, nos vários equipamentos que gere, como a FIL-Feira Internacional de Lisboa e o Centro de Congressos de Lisboa, cerca de 170 eventos em média, sendo 20 próprios e os restantes de terceiros. Em 2021, conseguiu, mesmo assim, concretizar nove dos 20 próprios que realiza habitualmente, "ainda que com uma dimensão mais reduzida". Foi o caso da Bolsa de Viagens, da Tektónica e do Salão Imobiliário de Portugal. Quanto a eventos de terceiros, foram 55 os que recebeu. Números que refletem ainda os efeitos da pandemia, mas que dão confiança para 2022.
"2021 é [foi] um ano ainda muito marcado pela pandemia. Ainda assim, durante os períodos em que as medidas foram menos restritivas, foi possível realizar e receber alguns eventos que permitiram começar a retomar o clima de confiança, o que nos dá fortes razões para estarmos otimistas relativamente ao setor já em 2022", refere fonte oficial da Fundação AIP.
Já a Exponor conseguiu realizar sete das 25 feiras que recebe habitualmente, sendo que quatro foram eventos de terceiros, como a QSP Summit, Expomecânica, Autoclássico e Exponoivos, ou a EMAF, a feira do setor metalomecânico, que é uma organização da Exponor Exhibitions. Diogo Barbosa, diretor-geral da empresa, reconhece que 2021 foi um ano "difícil e complicado", mas que também teve o seu lado positivo, já que permitiu "acelerar as ambições" da Exponor, no sentido do desenvolvimento de novos formatos.
Inovação digital
"Sentimo-nos agora mais preparados para estar ao lado dos nossos parceiros e clientes e apoiá-los na promoção dos seus negócios, gerando valor para os setores onde atuamos", diz o responsável. Exemplo disso foi a criação da nova plataforma online E+E, disponibilizada e adaptada a todas as feiras e eventos "e que vem criar um complemento digital, que permite otimizar a presença dos expositores e a experiência dos visitantes, antes, durante e após cada certame".
Com um contexto tão adverso - não esqueçamos que o país decretou, em janeiro de 2021, um segundo confinamento, a que se seguiram meses de limitações e medidas para controlar a pandemia - não admira que os resultados dos operadores se tenham ressentido. A Exponor, que em 2018 teve uma faturação histórica de 8,1 milhões de euros e de sete milhões em 2019 (há feiras que só acontecem a cada dois anos, o que explica a oscilação no volume de negócios), fechou 2020 com valores abaixo dos 700 mil euros. Para 2021, prevê atingir mais de 2,2 milhões, "números bastante abaixo de um ano normal de funcionamento", reconhece Diogo Barbosa.
Clima de otimismo
Quanto a 2022, o diretor-geral da Exponor conta com um "excelente ano", até porque tem já o calendário "bastante preenchido", com mais de 30 feiras. "Serão muitas as novidades a anunciar", promete. Uma delas, acontece logo a 16 e 17 de fevereiro, com a Exponor a receber o Modtíssimo - Porto Fashion Week. Um regresso a casa, fruto de falta de datas disponíveis na Alfândega do Porto e de falta de espaço no Aeroporto, onde a edição de fevereiro da feira decorreu nos últimos seis anos.
Já a Fundação AIP faturou 30 milhões de euros em 2019, a que correspondeu um resultado líquido de 5,1 milhões. Foi o seu melhor ano em termos de EBITDA. Em 2020, com a pandemia, o volume de negócios caiu 86%, levando a um prejuízo de 6,1 milhões de euros. A "retoma da atividade possível" a partir de setembro permitiu reduzir os prejuízos, mas os resultados ainda se manterão negativos em 2021, na ordem dos 2,5 milhões de euros.
Para 2022, o clima é de otimismo. "No que diz respeito aos eventos próprios, acreditamos que vai ser possível voltar a realizar todos os eventos que temos em calendário, com destaque para o regresso da BTL, da Futurália e do Lisboa Games Week. Esperamos também conseguir normalizar a componente de internacionalização dos eventos, com o esperado alívio nas restrições de viagens", refere fonte oficial. Quanto aos eventos de terceiros, há já 57 confirmados e outros 42 em negociação.
"Naturalmente, vamos ter que acompanhar a evolução da situação global que atravessamos, mas temos bastantes razões para estar otimistas. Sobretudo motivados pelo desempenho que o nosso setor manifestou durante os primeiros sinais de abertura, e por percebermos que há um grande interesse de todas as partes para que o setor dos eventos regresse em pleno com a maior brevidade possível", acrescenta.