A seguradora - que pretende com esta compra tornar-se numa gestora da saúde das pessoas - pode mesmo ser a próxima dona da ES Saúde.
Depois de os mexicanos da Ángeles e dos portugueses da José de Mello Saúde terem retirado as suas ofertas, apenas restava a Fidelidade. A única ameaça para a seguradora veio de fora. A United Healthcare - detentora da Amil, dona do grupo Lusíadas (antigos HPP da Caixa Geral de Depósitos - CGD) - tem estado a tentar comprar a ES Saúde fora do mercado.
A United Healthcare fez mesmo uma oferta diretamente à Rioforte para comprar a Espírito Santo Healthcare Investments, que detém 51% da ES Saúde. Os americanos manifestaram por mais de uma vez o seu interesse pela ES Saúde e oferecem 4,75 euros por ação. No entanto, os donos da ES Saúde deixaram claro que preferem fazer negócio em Bolsa.
A Espírito Santo Healthcare Investments é detida em 55% pela Rioforte - holding do Grupo Espírito Santo (GES), que se encontra sob gestão controlada no Luxemburgo, onde o futuro do grupo será revelado pelo juiz já a 6 deste mês.
Alegadamente, os americanos terão feito novas investidas mas, deita feita, junto dos pequenos acionistas da Espírito Santo Healthcare Investments.
Para o presidente da seguradora, as ofertas não são comparáveis. "A da Fidelidade é feita no mercado, de forma transparente, enquanto a outra oferta privada não é vinculativa - como é exigido pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) - e está dependente da verificação de várias condições, o que não acontece com a oferta da Fidelidade. Além disso, não permite que a ES Saúde se pronuncie sobre o seu mérito, não beneficia de um sistema de revisão de preços em alta e não faz prova da exigência de fundos para mobilização imediata" - o que é necessário quando se lança uma OPA, explicou Jorge Magalhães Correia ao Dinheiro Vivo.
A seguradora quer comprar a ES Saúde para entrar no negócio da saúde privada em Portugal e assim poder criar uma oferta integrada.
"A companhia, nos últimos anos, tem orientado a sua estratégia para ter maior peso nos riscos existenciais. É aqui que temos mais espaço de diferenciação e crescimento face às áreas tradicionais. Para isso, e no que toca à área da saúde, queremos passar a ter uma oferta global e integrada", adiantou Jorge Magalhães Correia.
O presidente da Fidelidade acrescentou ainda que, "mais do vender seguros de saúde, queremos ser um gestor da saúde das pessoas. Mais do que vender seguros de acidentes de trabalho, queremos ser um parceiro das empresas na gestão do bem estar dos seus colaboradores".
A Fidelidade revelou no seu prospecto sobre a oferta à ES Saúde que "tenciona manter a actividade empresarial desenvolvida" pela ES Saúde, "mantendo as grandes linhas estratégicas definidas pelo Conselho de Administração e apoiando a expansão da actividade".
Para já, a equipa liderada por Isabel Vaz parece não ter de se preocupar com o plano de crescimento da ES Saúde. Atualmente, os dois principais projetos que a empresa tem na calha são a expansão do Hospital da Luz - um dos ativos mais valiosos do grupo - e a ida para Angola, um mercado que também está alinhado com os planos de expansão da própria Fidelidade.
A Fidelidade foi a terceira candidata a apresentar uma oferta. Primeiro colocou a fasquia em 4,72 euros por ação, valor que viria a rever para 4,82 euros no registo da OPA, que arrancou segunda-feira e decorre até dia 10. A sessão de apuramento está agendada para dia 13.