Fisco chumbou PER da dona da revista Visão

Ao contrário da Segurança Social, o fisco opôs-se ao Processo Especial de Revitalização da Trust in News (TiN), que ruma à insolvência.
Luís Delgado está a estudar medidas para viabilizar a empresa. Foto: Gerardo Santos/GI
Luís Delgado está a estudar medidas para viabilizar a empresa. Foto: Gerardo Santos/GI
Publicado a

A Trust in News (TiN), empresa proprietária das revistas Visão e Exame, entre outros títulos, deverá entrar em insolvência nos próximos dias. Esta terça-feira, a administração da empresa liderada por Luís Delgado (na foto) informou os cerca de 150 trabalhadores de que o Processo Especial de Revitalização (PER) não vai ser aprovado pelos credores. Ao que o Diário de Notícias apurou, o PER foi chumbado pela Autoridade Tributária (AT), a quem o grupo de comunicação social tem dívidas na ordem dos 8,1 milhões de euros.

O principal credor do grupo, a Segurança Social, que tem a haver 8,9 milhões de euros, estaria disposta a viabilizar o PER, sabe o DN. Porém, a AT exigiu um valor adicional, superior a um milhão de euros, para além do que estava previsto no plano de pagamentos do PER, que se deveria prolongar por um prazo de 15 anos. Ao que o DN apurou, o plano foi chumbado por credores que representam 61% das dívidas da empresa, incluindo a AT. No total, as dívidas da TiN ascendem a mais de 30 milhões de euros.

A morte do PER deverá ser formalmente comunicada a todos os credores pelo administrador judicial da empresa, nos próximos dias. Após esse passo, o cenário mais provável será o pedido de insolvência. 

De acordo com a legislação em vigor, assim que o tribunal aceite a insolvência da TiN, será nomeado um gestor de insolvência que ficará encarregue da elaboração de um relatório que vai fazer um ponto de situação da empresa. Se chegar à conclusão que ainda tem viabilidade económica, pode recomendar a elaboração de um plano de recuperação. Mas o gestor de insolvência não é único a poder propor esse plano, pois também a própria empresa, qualquer pessoa que responda pelas dívidas ou um credor que represente um quinto dos créditos o pode fazer. Este plano pode prever medidas como perdões de dívida ou a alteração dos prazos de vencimento e dos juros aplicáveis, juntamente com a concessão de garantias, entre outras soluções.

O objetivo é que a manutenção da atividade da empresa possa servir para pagar as dívidas aos credores. Ao que o DN apurou, a administração da Trust in News está a trabalhar nesta possibilidade, tal como, de resto, sugeriu na nota enviada aos trabalhadores.

“Estamos a analisar com os nossos consultores para decidir que medidas devem ser tomadas para a viabilização da empresa, que se mantém a operar normalmente. Disso daremos conta a todos, o mais depressa possível”, refere essa nota interna.

O plano terá depois de ser aprovado numa reunião de credores cujos créditos representem, pelo menos, um terço dos créditos com direito a voto. Para ter luz verde nessa assembleia, precisa da aprovação de dois terços dos votos emitidos, com mais de metade a corresponder a créditos não subordinados, leia-se, os que dizem respeito ao Estado, à Segurança Social, aos trabalhadores e à banca.

Porém, se os credores não aprovarem o plano, a empresa entrará em liquidação e os seus ativos serão vendidos em hasta pública, nomeadamente as 15 marcas de informação do grupo. Além da Visão e da Exame, a TIN tem 13 outras publicações, como o Jornal de Letras, a Caras, a Visão História e o Courrier International, entre outras. 

Até ao fecho desta edição, não foi possível obter esclarecimentos de Luís Delgado e do Ministério das Finanças. 

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt