O ano de 2020, que foi amplamente marcado pela crise pandémica e pela alta pressão sobre as contas públicas, gerou mais mil milhões de euros em impostos praticamente dados como perdidos ou incobráveis pelo Fisco. De acordo com a Conta Geral do Estado do ano passado (CGE2020), a Autoridade Tributária (AT) dá conta de um total de 7,4 mil milhões de euros em "dívida incobrável"..De acordo com a nova CGE, que por lei tem de ser entregue ao Parlamento até ao final do dia 30 de junho de cada ano (esta foi entregue no limite, perto da meia-noite), os impostos e dívidas associadas considerados praticamente perdidos (que não se conseguem cobrar), aumentou, como referido, mais mil milhões de euros durante o ano passado, o que equivale a um aumento significativo superior a 15% face a 2019..Mais de um terço da carteira de impostos em risco é incobrável .A dívida incobrável representa agora mais de um terço (33,6%) de toda a receita que o Estado e outras entidades deviam ter conseguido cobrar, mas não conseguiram. Em 2019, o peso dos impostos incobráveis era mais reduzido, pesava cerca de 30% do total em carteira no ano que antecedeu a pandemia, segundo as Finanças..A maior fatia de incobráveis acontece no IVA (2,9 mil milhões de euros), a seguir no IRC (1,4 mil milhões) e em terceiro aparece o IRS (935 milhões de euros). Há ainda mais de 2 mil milhões de euros em "outros" impostos incobráveis não especificados..Além desta dívida praticamente perdida, há ainda impostos cujo prazo de pagamento já passou, mas que ainda são passíveis de recuperar. E impostos cuja cobrança está suspensa..Ao todo, o Fisco (AT) têm um bolo avassalador de impostos por cobrar e este não para de aumentar. No ano passado subiu mais de 4%, para um total de 22 mil milhões de euros.."A receita por cobrar pela AT (passado o prazo de cobrança voluntária) ascendeu, no final de 2020, a 22.028 milhões de euros, representando um aumento de 882 milhões de euros (4,2%) face ao valor de 2019", diz a CGE. "No final de 2020, 28,1% da carteira correspondia a dívida ativa, 38,3% suspensa e 33,6% classificada como incobrável.".Ou seja, a parcela ativa (impostos em atraso, mas ainda recuperáveis) valia 6,2 mil milhões de euros, a receita suspensa já vai nos 8,4 mil milhões de euros e a incobrável nos tais 7,4 mil milhões, enumera o Ministério das Finanças na nova CGE2020.