FMI prevê retoma mais fraca em Portugal e défice maior que os 1,9% de Medina em 2022

FMI diz retoma de 4%, ministro das Finanças acredita em 4,9%. No défice, Fundo aponta para 2,4% do PIB, mas Medina reiterou, há uma semana, meta de 1,9% em 2022.
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A economia portuguesa deve crescer cerca de 4% em vez dos 4,9% previstos pelo governo na proposta de Orçamento do Estado de 2022 (OE2022) e o défice deve ultrapassar 1,9% do produto interno bruto (PIB), a meta assumida pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, há uma semana, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), que calcula o défice português nos 2,4% do PIB no final deste ano.

O novo panorama económico do FMI (outlook) foi discutido pela cúpula da instituição de Washington a 11 de abril, mas a equipa que o elabora não é clara sobre a data concreta em que fechou estas previsões. Mas deixa perceber que ainda não incorpora medidas do novo OE2022 por este não estar ainda aprovado.

Ainda assim o FMI é, neste momento, a entidade que recolheu mais informação e mais recente que melhor refletem os acontecimentos ligados à guerra e à crise da energia e de outras matérias-primas. Isso ajuda a explicar que seja, agora, a entidade mais pessimista quanto à retoma de Portugal.

Em março, o Conselho das Finanças Públicas (CFP) assumiu um crescimento de 4,8% em 2022. O Banco de Portugal 4,9%. O cenário do governo na nova proposta de OE2022 reiterou a meta de 4,9%.

Agora, o FMI diz 4%. No outlook de outubro passado, antes desta nova crise, o Fundo previa uma retoma de 5,1% em Portugal.

Mesmo com esta revisão em baixa, Portugal cresce mais do que a média da zona euro (fortemente desbastada face ao outlook de janeiro, para 2,8%).

Mas a tendência é para a economia portuguesa perder essa dinâmica já que o ritmo da retoma arrefece para apenas 2,1% no próximo ano, abaixo da expansão da zona euro (2,3%). Portanto, volta a divergir da média europeia.

Na meta do défice, o governo, agora pela mão de Fernando Medina, reiterou a vontade de baixar até 1,9% do PIB em 2022. Pelas contas do FMI, o desequilíbrio entre receitas e despesas será o equivalente a 2,4%. Ainda assim, abaixo da fasquia de 3% do Pacto de Estabilidade e dos 2,8% do ano passado.

Na inflação ambos (FMI e Finanças) convergem para uma projeção de 4% este ano.

O mesmo não acontece no desemprego. O Ministério das Finanças assume, no novo OE2022, que o peso do desemprego pode descer para apenas 6% da população ativa este ano. Já o FMI aponta para 6,5%, uma décima menos do que a marca final de 2021 (6,4%).

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