Fornecedores travam "calendário mais ambicioso de entrega de computadores"

O aumento do teletrabalho obriga também a "repensarmos o que é hoje um escritório", diz Aragão de Azevedo, secretário de Estado para a Transição Digital.
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O teletrabalho não é uma realidade nova, mas a dimensão e expressão que tem hoje é indiscutivelmente uma novidade, aponta André de Aragão Azevedo, secretário de Estado para a Transição Digital, notando que passou de um ponto em que era utilizado em "algumas empresas um pouco mais inovadoras" para "níveis de adesão e efetiva prestação de trabalho em regime, em alguns casos, quase exclusivo". No caso de alguns portugueses, o teletrabalho tem sido a forma de trabalhar desde março, pontualmente pincelado com algumas idas ao escritório.

Sobre a necessidade de legislar mais sobre o teletrabalho, o secretário de Estado refere que "o legislador anda sempre mais lento do que a tecnologia, e isso é normal", notando que é um tema que "tem sido falado na concertação social", onde têm vindo a ser auscultadas as diferentes preocupações de patrões, trabalhadores e entidades públicas.

"Há um conjunto de adaptações que vão ter de ocorrer", reconhece. "O que me parece relevante e muito positivo é que estamos hoje num patamar de maturidade digital, de domínio de competências e de ferramentas por parte da nossa população ativa que nos torna incrivelmente mais competitivos, e que nos permitem hoje ter a opção de escolher, numa lógica de regime híbrido, qual a forma mais conveniente para empresas e trabalhadores", aponta, mesmo reconhecendo que parte desse conhecimento tenha sido obtido de "forma empírica".

Após um período de normalização, acredita que tudo culminará "num regime relativamente híbrido", mas que também "nos convoca a repensarmos o que é hoje um escritório". E esta reflexão poderá passar pelas ofertas e dinâmicas da própria organização mas que, em última análise, poderá trazer "ganhos do ponto de vista da flexibilidade", tanto de deslocações, como até na "capacidade que temos de trabalhar à distância, nomeadamente de outras zonas mais remotas do país, tirando pressão dos grandes centros urbanos, criando um país mais equilibrado e mais homogéneo do ponto de vista de coesão territorial".

Ainda no ano passado, foi apresentado o programa Escola Digital, onde a área da transição digital teve "uma intervenção mais direta na fase de conceptualização e definição do que deve ser uma escola para o século XXI", com o objetivo de chegar "à universalização do conceito de posto móvel de aprendizagem".

Num momento em que Portugal volta a confinar, é questionada a capacidade de entrega de computadores às escolas. Aragão de Azevedo refere que "os constrangimentos que encontramos internacionalmente, do ponto de vista de fabricantes e fornecedores [de equipamentos], impedem um calendário mais ambicioso de entrega dos equipamentos nas escolas".

Até ao final do ano letivo, o objetivo continua a ser a entrega de "mais 730 mil computadores a alunos e professores", na terceira fase. A primeira compreende a entrega de 100 mil computadores - "já em fase de entrega", seguida por outros 300 mil na segunda fase. No entanto, esta data de "final de ano letivo é o nosso plano, com a noção de que tudo isto está condicionado por uma conjuntura internacional que não controlamos efetivamente".

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