A Frutalmente, organização de produtores (OP) de uvas de mesa, quer aumentar 44% a sua área de produção para faturar dez milhões de euros até 2022. A organização, que reúne 19 produtores do Ribatejo, do Oeste e do Alentejo, fechou 2017 com cerca de quatro milhões de euros de receita.
O aumento da área de produção vai incidir sobretudo na uva de mesa, fruto que representa 70% da produção da Frutalmente e que é comercializado sob a marca Dona Uva. “O reforço da oferta no mercado nacional para responder a uma tendência crescente de consumo e a perspetiva de aumentar a quota de exportação e de diversificar mercados são os motivos que estão por detrás desta expansão de área produtiva”, justifica Mário Rodrigues, diretor executivo da Frutalmente, ao Dinheiro Vivo.
Atualmente, a OP fatura “cerca de quatro milhões de euros. Os novos investimentos permitirão alcançar um volume de negócios de cerca de dez milhões de euros em 2022”.
Em quatro anos, a organização de produtores quer 280 hectares dedicados à uva de mesa e quadruplicar a área de produção dedicada à uva sem grainha. “Para isso a OP irá investir mais de dois milhões de euros e novas áreas de produção dedicadas às uvas sem grainha”, adianta Mário Rodrigues. “O investimento também se vai estender à uva com grainha: entre este ano e o próximo, a área em produção vai subir de 175 para 200 hectares, graças a investimentos feitos anteriormente e que, agora, começam a dar frutos.”
Aumentar a área de produção dedicada a uva sem grainha, hoje apenas 11% da produção, faz assim parte dos planos, mas também a da uva com grainha, já que uma das marcas da OP é a aposta nas variedades tradicionais portuguesas como a Dona Maria, através de um método de produção natural. “Um fator diferenciador da marca Dona Uva. Os cachos de uvas brancas, pretas e rosadas crescem num sistema de produção em Y, ao ar livre, que lhes garante o modo de produção natural e mais sabor”, explica Mário Rodrigues.
Dos atuais 300 hectares de produção da Frutalmente, um crescimento de 30% em relação ao ano anterior, saem igualmente alperces, pêssegos, ameixas, maças, romã, peras-rocha, dióspiros, figos e, mais recentemente, bagas goji. O mercado nacional absorve cerca de 95%, sendo o restante encaminhado para “exportações esporádicas para Angola, São Tomé ou Holanda”. Com o aumento de produção previsto, “a Frutalmente terá capacidade para procurar mercados alternativos”, diz o diretor executivo. “Até agora o objetivo prioritário tem sido consolidar investimentos e comercializar os produtos de forma diferenciada, no caso das uvas de mesa, através da marca Dona Uva; no das frutas de caroço e outras, através da insígnia Adoora”, diz.
Neste ano, a Frutalmente antecipa receitas na ordem dos 4,5 milhões. Tudo dependerá das “condicionantes que as condições climatéricas nos possam ainda trazer”, ressalva Mário Rodrigues. É que o tempo tem afetado produção. “As inconstâncias do clima conduziram a um atraso generalizado das colheitas. No caso das uvas de mesa, o início da colheita atrasou para meados de agosto, prevendo-se 30% das quebras na produção total”, refere o diretor executivo. Qual impacto na faturação? “Depende do mercado, mas nunca será inferior a 20% do que estava previsto.”