João Domingos ingressou na Fujitsu Portugal quando a tecnológica japonesa tinha cerca de 200 trabalhadores. Hoje em dia, são já duas mil pessoas a trabalhar em diversos pontos do país. Se tudo começou pela área financeira, aos poucos a área tecnológica começou a subir nos interesses de João Domingos.
"Durante os primeiros dez anos fiz a minha carreira na área financeira e o que aconteceu foi que fui progredindo do ponto de vista de responsabilidade, passei a ter mais responsabilidades internacionais e a certa altura achei que era para dar o salto, era altura de me arriscar nas áreas de negócio." Desde 2019 que é vice-presidente da Fujitsu para a Europa Ocidental, tendo a seu cargo a gestão das operações na Bélgica, Espanha, França, Holanda, Luxemburgo e Portugal.
O principal desafio que se propôs foi a transformação da empresa nesses territórios. "A empresa precisa de se transformar. Apesar de estar na área das tecnologias e apoiar os seus clientes na transformação, também é uma empresa com 80 anos de história", explica, notando que a aposta tem sido na ligação a "novas áreas da tecnologia, como a inteligência artificial, analítica ou blockchain" e a "fazer dessas áreas de negócio a principal fonte de receitas e engagement com os clientes". "Esse é o desafio principal e continua a ser uma luta que não posso dizer que tenha conseguido terminar."
O VP para a Europa Ocidental descreve 2020 como "um ano assimétrico", mas "globalmente positivo", com a "Fujitsu na Europa a cumprir os seus objetivos". "Vimos uma aceleração muito grande das partes de cloud e de transformação digital." Aliás, o responsável refere que, de alguma forma, a pandemia veio quebrar alguns tabus em relação à tecnologia, nomeadamente no setor público. "As novas áreas da tecnologia ganharam um enorme boost com este momento da pandemia", descreve, acreditando que "muito deste dinamismo" terá continuidade no futuro.
Especificamente no negócio da Fujitsu nos seis mercados foi sentida uma aceleração em algumas áreas da tecnologia. "No último ano duplicámos o negócio na área de IA, blockchain e analytics. É um dado muito interessante e que espero que continue a sustentar o nosso crescimento." No global, "foi um ano positivo", resume.
Em relação aos planos para o futuro, Domingos recorda o anúncio da empresa de investir 750 milhões de euros em transformação interna. "Antes de falarmos em transformar e ajudar clientes, a Fujitsu vai investir em si própria e isso tem que ver com as ferramentas, com o recrutamento e como trabalhamos." A tecnológica "vai também investir bastante em fusões e aquisições", com o responsável a "não ter dúvidas de que isso vai impactar bastante a Europa" e "também Portugal".
Especificamente em relação a Portugal, João Domingos destaca o trabalho que é feito para "muitos clientes internacionais", a partir dos vários pontos do país. "As pessoas não têm noção de que existem vários clientes do top 500 mundial que trabalham e são servidos pela Fujitsu em Portugal e esses centros de competências vão continuar a desenvolver-se em áreas como a cibersegurança ou analytics", nota, dando como exemplo o centro de Braga, "que se está a capacitar cada vez mais" para essas áreas, ou o protocolo com o Instituto Politécnico de Beja, para a área da cibersegurança.
"Portugal é um país muito interessante, que [o board da Fujitsu] segue pessoalmente. A nossa aventura em Portugal continua e vamos continuar a investir nestas áreas."