Fundação Miró viu obras em leilão, mas não tem orçamento para comprar

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A Fundação Miró já viu as 85 obras do artista espanhol atualmente nas mãos da Christie's para serem leiloadas, mas não tem orçamento para comprar qualquer delas, recusando-se a tecer opinião sobre a sua relevância.

Fonte da instituição com sede em Barcelona (Catalunha) disse à agência Lusa que a Fundação também não teve contacto "com ninguém" sobre o leilão destas obras de Joan Miró, propriedade do Estado português.

"Nas temos nenhuma possibilidade de as adquirir. Apenas por uma questão orçamental", explicou a fonte da instituição que organiza anualmente três a quatro exposições temporárias de vários artistas e mantém uma coleção permanente de Miró.

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"A fundação, normalmente não adquire obras e a nossa coleção é constituída por doações e ou cessões temporária. O orçamento da Fundação não nos permite ir ao mercado", disse.

A mesma fonte escusou-se a tecer qualquer comentário sobre as obras que serão vendidas em leilão, afirmando que a apesar de serem especialistas do artista espanhol "não avalia nem coleções nem estas obras".

"Por parte da fundação temos uma relação distante com o mercado distante. É uma coleção relevante, em número, mas não discutimos se são mais ou menos relevantes em termos da sua importância ou sobre se muda ou não a perspetiva de Miró no mercado", sublinhou.

A decisão do Governo português de avançar com o leilão das obras está a ser alvo de contestação e a Assembleia da República vai votar esta sexta-feira projetos de resolução do PCP e do PS para a suspensão da venda.

As propostas foram apresentadas esta semana na Comissão de Educação, Ciência e Cultura e visam inviabilizar a venda de uma coleção que consideram ter sido paga pelos portugueses, através da nacionalização do Banco Português de Negócios (BPN).

O PS também apresentou esta semana um requerimento no parlamento, dirigido à Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), pedindo a inventariação e classificação da coleção de 85 quadros.

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Uma petição pública lançada no início de janeiro pela Casa da Liberdade Mário Cesariny, em Lisboa, defendendo a manutenção das obras em Portugal, num museu, recolheu desde então mais de 7000 assinaturas.

As obras que estão nas mãos do Estado português desde a nacionalização do BPN, serão leiloadas em Londres, a 5 de fevereiro, no âmbito de quatro leilões dedicados a correntes artísticas do século XX, a realizar nos dias 4 e 5 do próximo mês.

A coleção foi adquirida em 2006, pelo BPN, a um colecionador japonês por cerca de 34 milhões de euros e abrange diferentes fases criativas do pintor.

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