O reforço da capacidade do Fundo Monetário Internacional (FMI) está a tornar-se uma questão política, à medida que as divisões entre os países mais influentes vêm à tona. Enquanto países como os EUA, Candá e Austrália pedem mais esforços à Europa, os cada vez mais poderosos BRIC reclamam mais influência dentro do fundo. . A missão de Christine Lagarde para a reunião com os ministros das Finanças do G-20, que decorre hoje em Washington, é a de aumentar a capacidade do FMI em mais de 400 mil milhões de dólares (304 mil milhões de euros) para poder continuar a socorrer os países da zona euro assolados pela crise da dívida. . "Os países têm de tomar medidas", declarou Lagarde à cadeia de televisão Bloomberg, num claro aviso aos países europeus. Contudo, a diretora do FMI reiterou a importância do aumento de recursos à disposição da instituição: "estou encarregada de aumentar a estabilidade e preciso de um guarda-chuva caso as nuvens se desfaçam em chuva". . Mas a missão de Lagarde não vai ser facilitada pelos membros do fundo. Se por um lado, alguns países como o Japão, a Dinamarca ou a Suíça já garantiram que vão aumentar a sua participação, outros mostram-se mais difíceis de convencer. . O Canadá e a Austrália juntaram-se à posição dos EUA e estão contra o reforço do fundo, argumentando que a Europa já tem suficiente e deverá fazer mais. O ministro das Finanças canadiano, Jim Flaherty, defendeu mesmo a aprovação de um direito de veto para os membros não europeus do fundo quanto ao seu papel de assistência. . Por seu turno, algumas economias emergentes reclamam mais influência nos destinos da instituição como condição para disponibilizar mais ajuda financeira. . "Não estamos preparados para referir números específicos, uma vez que há condições que devem ser satisfeitas", considerou o ministro das Finanças do Brasil, Guido Mantega. Alguns países, continuou, "são mais entusiásticos em pedir mais dinheiro às economias emergentes do que levar a cabo a reforma das quotas [de poder de voto no FMI], porque são esses países que sairão a perder". . Aos representantes europeus resta defenderem a necessidade de refoço do fundo de forma a estabilizar o continente. Foi o que fez o membro do diretório do Banco Central Europeu, Jörg Asmussen: "os europeus fizeram a sua parte, cabe agora aos nossos parceiros, incluindo o Canadá e outros países, aumentar os recursos do FMI".