Fundada no final do século XIX, pelo bisavô dos atuais donos, a Garcia, Garcia nasceu vocacionada para a construção de edifícios industriais, mas foi na execução de chaminés para as fábricas da indústria têxtil que se especializou. Hoje, grande parte da atividade de reabilitação da empresa corresponde a edifícios construídos pelo fundador. A partir da década de 60, a terceira geração investiu nas estruturas industriais integradas. Mais recentemente, a empresa especializou-se na construção de parques empresariais e industriais, reduzindo a dependência do têxtil. .A Garcia, Garcia esteve recentemente ligada à construção de cinco projetos de interesse nacional (PIN), com destaque para a construção da nova unidade industrial da multinacional alemã Leica, do centro logístico da Garland e da unidade industrial Móveis Costa Pereira, além do complexo industrial da norte-americana BorgWarner e da nova fábrica da Casfil, no Parque Industrial da Ermida, em Santo Tirso. Bosch, E.Leclerc, Grandvision, Salsa e Ellis são também marcas que constam da lista de clientes da Garcia, Garcia. E apesar de quatro gerações dedicadas à construção industrial, a Garcia, Garcia tem ainda um pé no mercado residencial. Um segmento que serve para "compor carteira" e que valeu 6% do volume de negócios em 2014..Este ano, a empresa apostou na internacionalização e tem já projetos em curso em França e no Norte de África. E a expectativa de Miguel Garcia, administrador da empresa, é que os mercados externos possam já valer 20% da faturação dentro de três anos. "É uma perspetiva conservadora. Atendendo aos concursos em que estamos envolvidos, pode chegar facilmente a 50%", assegura este responsável, sublinhando que o objetivo é evitar a dispersão de esforços. "Além do mercado francês, estamos, para já, concentrados em Marrocos e, eventualmente, na Mauritânia. E estamos a tentar entrar em Espanha, na área da logística", frisa..Sobre a crise, Miguel Garcia considera "desajustado" o estigma que recai sobre a construção civil, considerando tratar-se de um setor "fundamental" para Portugal e para o desenvolvimento da economia nacional. "Após o boom da construção na década de 90 e no princípio deste século, muito suportado no investimento público e no imobiliário, a crise e consequente contração económica tiveram um efeito dramático no setor. A grande maioria das empresas não estava preparada e só as que foram rápidas a reagir e a reinventar-se conseguiram ultrapassar as dificuldades", afirma. Na sua opinião, não faltam "muitos e excelentes casos de empresas de sucesso" na construção civil nacional, que souberam aproveitar a crise para se reestruturarem e repensarem o negócio bem como os mercados e que estão hoje "preparadas para suportar e apoiar o desenvolvimento e o crescimento económico do país"..No caso da Garcia, Garcia, a não dependência do mercado público e do residencial foram fatores determinantes para o sucesso. E, claro, a reestruturação que a empresa empreendeu em 2004, quando se deu a passagem de testemunho da terceira para a quarta geração. "Éramos uma empresa vertical, com centrais de betão pronto, carpintaria, serralharia, pichelaria, mármores e granitos, etc. Decidimos encerrar algumas destas áreas e apostar noutras, como a metalomecânica e as estruturas metálicas, numa vertente mais de prefabricação. E, claro, tivemos de emagrecer. Passámos, na altura, de 175 pessoas, para 56. Mas como temos uma política de investimento muito conservadora, não estávamos quase nada expostos à banca. E isso foi uma mais-valia. Tentámos não perder o enfoque no core business e fomos investindo em massa cinzenta, avançando para o segmento de conceção e de projetos. E passámos a visitar feiras industriais, tentando atrair investimento direto estrangeiro para Portugal", diz.."Portugal está na moda. Existem muitas indústrias a querer posicionar-se no nosso mercado. Há muito investimento estrangeiro a acontecer", garante. Não admira, por isso, que mais de metade da faturação da empresa em 2014 tenha resultado de projetos de investimento estrangeiro. "E este ano também", assegura. Entre negócio efetivo e carteira de encomendas para 2015, a empresa tem já 25 milhões de euros garantidos, valor que, acredita, irá ainda crescer.