Promotor de resort na Quinta do Lago entra no negócio das casas de renda acessível

O projeto, que será alavancado com capitais nacionais e internacionais, prevê a construção de 1350 fogos numa primeira fase. É uma nova aposta da Green Jacket, que tem em curso um investimento de 200 milhões de euros na exclusiva Quinta do Lago. Ambos os produtos têm capacidade de gerar bons retornos.
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A Green Jacket Partners, gestora de ativos imobiliários, está a constituir uma parceria com uma multinacional de origem portuguesa para desenvolver projetos residenciais para arrendamento acessível no país. Será uma resposta de investidores privados nacionais e internacionais ao problema da escassez de casas a preços compatíveis com os rendimentos de uma larga franja da população. As duas empresas já identificaram os terrenos onde querem construir essas habitações e o instrumento de financiamento. A ideia é criar um fundo de investimento imobiliário. Os detalhes serão conhecidos no final do verão, assim como será revelada a identidade da multinacional. Para já, estão previstos 1350 fogos.

O maior projeto está pensado para a região da Grande Lisboa. Como revela Paulo Carapuça, CEO da Green Jacket, o terreno identificado no concelho de Sintra "tem escala para 5000 fogos", mas, numa primeira fase, o objetivo é edificar mil casas, embora possa ir até às 2500. No Grande Porto, os dois parceiros encontraram um espaço em Vila Nova de Gaia, onde preveem construir 350 habitações. Estes investimentos vão avançar "não só pelo rendimento" que daí advirá para os investidores, mas também pela decisão "de participar na disponibilidade de habitação para os portugueses e para os que estão a viver em Portugal e que estão a contribuir para a economia nacional", sublinha Paulo Carapuça.

Na opinião do gestor, estes são projetos "desafiantes, que exigem criatividade e novos modelos construtivos". Os edifícios serão desenvolvidos nos pressupostos da pré-construção, com garantias de conforto e resistência, sem perder o foco na competitividade. "Pretendemos satisfazer um quadro de necessidades do país e procurar rentabilidade", diz. Os dois promotores querem também trabalhar com o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), organismo público responsável pela política de habitação. A título de exemplo, refira-se que para responder às dificuldades de acesso ao mercado de arrendamento das famílias portuguesas, o governo estabeleceu uma taxa de esforço máxima de 35% do rendimento mensal do agregado no Programa Arrendar para Subarrendar, que integra o pacote Mais Habitação.

Os projetos da Green Jacket juntam-se ao que até agora foi o seu foco: empreendimentos de prime quality. Numa visão de 360 graus do negócio imobiliário, a gestora de ativos está também a analisar duas oportunidades de promoção residencial de luxo em Lisboa e Cascais que, entre compra de ativos e investimento no desenvolvimento, exigem capitais na ordem dos 100 milhões. O arrendamento acessível e promoção de imóveis de elevada qualidade "são dois ângulos que elegemos como desafios para os próximos anos", realça Paulo Carapuça. Como acrescenta, "não têm tanto risco associado às fragilidades da promoção, como esta volatilidade de taxas e cadeia logística".

No mínimo, 4 milhões

Neste momento, a Green Jacket está responsável pelo desenvolvimento do empreendimento de luxo One Green Way, inserido no resort algarvio Quinta do Lago. Num investimento da ordem dos 200 milhões de euros, o One Green Way quer distinguir-se no panorama das residências de luxo. Segundo Paulo Carapuça, a conceção deste projeto "está acima do que habitualmente se faz em Portugal". As 89 unidades de alojamento (27 vilas e 62 apartamentos) têm na sua composição materiais de primeira qualidade, como travertino nas fachadas externas, mármore Ibiza nos quartos de banho e pedra de limestone nos exteriores. No interior das casas, destacam-se acabamentos e equipamentos das principais marcas internacionais, de que são exemplo os roupeiros Molteni, as portas Rimadesio, as louças de banho António Lupi ou os eletrodomésticos Gaggenau. "São marcas que não é comum utilizarem-se em Portugal", sublinha. O luxo estende-se às comodidades: piscina, sala de cinema, garrafeira, terraços e jardins exclusivos.

Paulo Carapuça realça outro aspeto, cada vez mais valorizado pelos investidores, a sustentabilidade. Nesta matéria, o planeamento da construção do One Green Way teve em conta a origem e a durabilidade dos materiais, a garantia do seu reaproveitamento e circularidade, o uso eficiência da água, com a utilização de espécies arbóreas com poucas exigências hídricas, e a eficiência enérgica, nomeadamente ao nível da climatização. Em simultâneo, a empresa tem privilegiado sempre que possível a produção local e nacional. Neste momento, estão a trabalhar na obra cerca de 250 pessoas, que no pico do projeto deverão duplicar, sendo garantidas as refeições e locais próprios para higiene. Como frisa, "partilhamos o valor com os stakeholders".

O One Green Way deverá ficar concluído no início de 2025, mas as vendas estão em marcha. Segundo Paulo Carapuça, mais de 30% das unidades já foram vendidas, a maioria a ingleses, sul-africanos e americanos. Nenhuma no regime dos vistos gold, garante. Para já, só um português adquiriu residência neste resort. Os preços também exigem alguma ponderação. Os apartamentos (cada edifício tem dois), com uma área bruta de construção (ABC) entre os 400 a 500 metros quadrados, estão a ser comercializados a partir dos 3,95 milhões de euros. As moradias, com uma ABC entre os 520 a 930 metros quadrados, a que se soma uma área de jardim, custam no mínimo 5,95 milhões. As mais caras têm um preço de 9,25 milhões de euros, o que não afastou interessados. "Já se vendeu mais do que uma", diz.

Este é o primeiro projeto da empresa de gestão de ativos e investimento imobiliário, que iniciou atividade em 2021 tendo como cliente a gestora brasileira de fundos SPX. Entre 2020 e 2021, esta sociedade adquiriu à Caixa Geral de Depósitos o projeto The Keys (hoje One Green Way) e outros dois lotes da Quinta do Lago. Segundo Paulo Carapuça, está em curso um estudo para o desenvolvimento do lote ET3. Neste momento, o valor dos ativos sob gestão e desenvolvimento da Green Jacket Partners ascende a 260 milhões de euros.

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