Ginásio de baixo custo é moda?

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A chegada de marcas low-cost obrigou os ginásios premium a fazer

mudanças e a baixar os preços. Mas poderá este conceito sobreviver

ao fim da recessão? O especialista Ray Algar, diretor da consultora

Oxygen Consulting, acredita que sim. "Estes ginásios estão

aqui e estão para ficar", afirmou o responsável, que esteve na

Convenção Manz Fitness em Aveiro e falou ao Dinheiro Vivo.

"Não

esperem que os consumidores regressem automaticamente para bens e

serviços premium depois da recessão", avisa. "Há provas

crescentes de que a preferência dos consumidores por bens premium, e

a vontade de pagar mais, começam a desvanecer-se depois de

experimentarem a qualidade de produtos low-cost." Ray Algar

lembra que baixo custo não significa inferior e que estes ginásios

são apenas mais uma adição num mercado onde já existem voos de

ida e volta a 30 euros, gasolina dez cêntimos mais barata e

smartphones a cem euros.

"As maiores vantagens que vejo nos ginásios low-cost são a

simplicidade, acessibilidade e preço", explica, sublinhando que

se trata de ginásios com uma forte componente na Internet, horário

de funcionamento alargado e sem contratos, além de um preço pelo

menos 50% abaixo do ginásio convencional.

Existe uma filosofia de autosserviço nestes ginásios, o que pode

dar algum trabalho mas também pode ser apreciado pelos utilizadores.

"Acredito que alguns consumidores estão a apaixonar-se por

ginásios low-cost." Na pesquisa que Algar conduziu no Reino

Unido, concluiu que as taxas de recomendação e as intenções de

adesão futuras são bastante elevadas nos low-cost. "Estes

ginásios usam muitas ferramentas digitais para interagirem com os

membros e por isso é possível que o membro de um low-cost se sinta

mais ligado do que o membro de um clube premium onde paga mais."

Para as outras marcas, o aparecimento de ginásios como o Fitness

Hut obriga a uma reação célere. Não é comprar máquinas e saunas

que interessa, é descobrir novas formas de rentabilizar esses

recursos. "Se os ginásios low-cost oferecem 'ginásios

self-service', então os clubes mais caros têm de oferecer uma

filosofia genuína de "serviço incluído", recomenda.

Pump, a outra marca low-cost em Portugal

O Pump Fitness Spirit não é bem uma marca low-cost.

Identifica-se como um ginásio de "nova geração", em que

os utilizadores pagam conforme o que usam. Depois do primeiro espaço

na Avenida da República, vai inaugurar em janeiro um segundo clube

no Parque das Nações. Os preços não são tão baixos como os do

Fitness Hut, começando no pacote de 25 euros mensais para o horário

parcial. Não tem estacionamento, embora ambos se localizem em locais

com bons acessos. Quem quiser toalha de treino e de banho paga mais

seis euros e para cancelar a inscrição apenas terá de dar um aviso

com 30 dias de antecedência. Quem quiser usar o ginásio sem ser

sócio também pode: paga uma taxa única de dez euros e tem acesso a

todas as máquinas e espaços sociais.

Piscinas dos Olivais vão ser Go Fit

O grupo espanhol Ingesport ganhou o concurso de recuperação do

Complexo Desportivo dos Olivais e vai transformá-lo no Go Fit

Olivais. Trata-se de um centro desportivo low-cost, com a

particularidade de continuar a pertencer à Câmara de Lisboa e de

oferecer os mesmos serviços que os outros complexos municipais. Este

investimento de quase oito milhões de euros permitirá aos lisboetas

usufruírem de um espaço desportivo de baixo custo, com o extra das

piscinas - prática amadora e desportiva - sem custos acrescidos. A

marca Go Fit é de baixo custo e já tem 80 mil praticantes em

Espanha, prevendo-se a expansão para mais cidades portuguesas e

estando já em obras no Campo Grande. A inauguração do novo Go Fit

Olivais está marcada para o verão de 2013.

Seguro para desempregados Holmes Place

A cadeia Holmes Place, que detém 19 clubes em Portugal e é por

isso a maior a operar no País, decidiu avançar com um seguro para

os associados. Quem ficar desempregado em 2013 poderá continuar a ir

ao ginásio sem pagar mensalidades (ver entrevista ao lado). A

operação portuguesa foi recomprada pelos fundadores do grupo e tudo

mudou desde o início do ano. A cadeia baixou significativamente os

preços (a começar nos 39 euros no clube do Porto e 49 euros em

Algés, entre outros). Investiu ainda cerca de cinco milhões de

euros na renovação dos equipamentos em todos os ginásios e

transformou o HP Cascais num clube ultra premium, com condições

especiais de acesso. A cadeia tem mais de 60 mil sócios e até

aumentou em 5% os praticantes depois de baixar os preços.

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