Governo divulga Programa de Estabilidade a 13 de abril e Semestre Europeu vai ser mais leve

"Recomendações específicas por país apenas incidirão sobre a situação orçamental". Bruxelas diz que não fará recomendações sobre reformas estruturais, mas apenas este ano.
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O Programa de Estabilidade (PE), que conterá o quadro de medidas e previsões macroeconómicas e orçamentais para os próximos anos (até 2024 ou 2025), deverá ser divulgado a 13 de abril próximo, apurou o Dinheiro Vivo.

Legalmente, este documento estruturante com as linhas orçamentais e económicas de médio prazo tem de ser entregue até dia 15 de abril de cada ano e depois remetido à Comissão Europeia até ao final desse mesmo mês.

Fonte oficial do Ministério das Finanças, de João Leão, diz que "respeitará os prazos legais".

Recorde-se que no ano passado, por causa da total volatilidade e incerteza geradas pela pandemia covid-19, o Ministério das Finanças, que é a tutela responsável pelo PE, apresentou mais tarde, a 20 de maio, uma versão minimal do documento e não se comprometeu com quadros plurianuais (que num ano normal iriam até 2024).

Este ano, as Finanças retomam o modelo tradicional, com previsões para crescimento, emprego, desemprego, défice, dívida e outras dimensões num quadro plurianual que pode ir até 2024 ou 2025.

Em abril de cada ano, "os Estados-Membros da União Europeia estão obrigados a apresentar os seus planos orçamentais para os próximos três anos", refere a Comissão Europeia.

"Este exercício baseia-se nas regras de governação económica do Pacto de Estabilidade e Crescimento, que visam prevenir o aparecimento ou o agravamento de dificuldades orçamentais".

O Programa de Estabilidade de Portugal e dos restantes países da zona euro serão depois avaliados pela CE que emitirá os seus reparos ainda em maio ou até meados de junho.

O Programa de Estabilidade português já vai conter as novas previsões do governo para o défice e a dívida deste ano, que vão surgir na semana que vem, sexta-feira 26 de março, no Procedimento dos Défices Excessivos (PDE) - 1 ª Notificação, a publicar pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Além disso, um dia antes (a 25 de março), será divulgada a execução orçamental relativa a fevereiro, o que ajudará mais um pouco a perceber como está a correr este ano crítico de 2021.

As notificações deste PDE (os chamados reportes dos défices) "devem ser entregues pelos Estados-membros antes dos dias 1 de abril e 1 de outubro de cada ano", diz o INE.

Recorde-se que no Orçamento do Estado deste ano, feito em outubro de 2020, o governo projetou um crescimento económico de 5,4%, um défice público de 4,3% do PIB e um rácio da dívida de 130,9% do PIB.

Em fevereiro, a Comissão Europeia estava a apontar para um crescimento mais fraco, de 4,1%, o que sinaliza de forma implícita que o défice e a dívida de 2021 podem ser superiores ao que dizia o governo.

Recorde-se que este ano, por causa da crise pandémica, a Europa (proposta da CE entretanto aceite pelos representantes das finanças dos 27 governos, em sede de Ecofin) resolveu suspender a aplicação das regras mais duras do Pacto de Estabilidade, o que evitará que os países venham a ser processados por estarem a violar as regras orçamentais (défices muito acima dos 3% e fardos da dívida a crescerem de forma significativa).

Um semestre europeu diferente e mais leve

Paralelamente a este processo de acompanhamento e avaliação da disciplina orçamental (dos défices e das dívidas) no âmbito do Pacto de Estabilidade, existe o outro grande ciclo de monitorização dos países que é o semestre europeu. Este tem um foco muito mais forte nas dimensões económicas, mas este ano, por causa da pandemia, vai ser um processo mais ligeiro.

Segundo a CE, "o Semestre Europeu será temporariamente adaptado para ser coordenado com o Mecanismo de Recuperação e Resiliência".

"A publicação da Estratégia Anual de Crescimento lançou o ciclo deste ano e dá total seguimento à estratégia de crescimento do ano passado baseada no Acordo Verde Europeu [Green Deal]".

Assim, este ano, é suposto os governos "apresentarem os programas nacionais de reforma e os planos de recuperação e resiliência num único documento integrado".

A Comissão depois fará uma avaliação "sobre a substância dos planos de recuperação e resiliência", sendo que "estes documentos substituirão os relatórios por país do Semestre Europeu em 2021".

Além disso, diz Bruxelas, "as recomendações específicas por país apenas incidirão sobre a situação orçamental".

Ou seja, este ano, extraordinariamente, "não haverá recomendações específicas" em relação a reformas e questões estruturais para os países que avançarem com os seus planos de recuperação e resiliência. Será a esmagadora maioria, em princípio.

"A Comissão continuará a monitorizar e avaliar o risco de desequilíbrios macroeconómicos durante o novo ciclo do semestre, com ênfase nos riscos emergentes causados pela crise do coronavírus."

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