Segundo explicou o secretario de Estado da Energia, Artur Trindade, o contrato foi prolongado por pouco menos de um ano, até outubro de 2015, e vai permitir que a Galp - agora com a Eni - avancem para a ultima fase do processo de pesquisa de petróleo.
Esta etapa consiste em fazer um poço que será apenas "exploratório", ou seja, vão para o terreno procurar o crude mas sem certeza de que o encontram, alias, segundo o CEO da Galp, Manuel Ferreira de Oliveira, podem mesmo não encontrar nada.
"Na nossa atividade temos de ter presente que o insucesso é mais provável que o sucesso", comentou.
Foi precisamente por causa disto, e porque a exploração em Portugal é dispendiosa e de alto risco, que a empresa portuguesa teve de procurar um novo parceiro para o projeto depois da saída da brasileira Petrobras. Porque "sozinhos não conseguiríamos, acrescentou Ferreira de Oliveira.
Só nos últimos dois anos a Galp e a Petrobras gastaram 70 milhões de dólares a fazer análises sísmicas e a usar sondas para estudar a geologia do fundo do mar naquela zona e que davam nada mais do que pistas de que pode haver ali petróleo. A parte mais dispendiosa é que surge agora com a perfuração.
"Este projeto representa um grande desafio técnico e económico, mas é uma área de grande interesse", disse o vice-presidente da Exploração e Produção da Eni, Franco Conticini.
Este poço será feito a cinco mil metros de profundidade, numa zona em alto mar que se chama de pós sal, ou seja, antes da camada de sal que existe no fundo do mar. No Brasil, por exemplo, onde a Galp está já a produzir, o crude está no pré-sal, abaixo da camada de sal e, por isso, numa zona mais profunda.
"Em Portugal, nunca foi feto um furo destes em águas ultras profundas", comentou o secretario de Estado, acrescentando ainda que a entrada da Eni para o projeto dá alguma esperança de que o projeto possa vir a ter sucesso. "Este operador tem já muita competência nesta área", referiu.
Eni passa a controlar projeto
Depois de saber que a concessão ia ser prolongada e que se poderia fazer o poço, a Galp lançou um concurso internacional para encontrar um parceiro e a Eni acabou por ser a empresa escolhida de entre 15 concorrentes. Contudo, ela não entra apenas como investidor e porque a Galp precisava de capital para fazer a perfuração.
O acordo estabelecido entre as duas empresas define que a Eni fica como operadora do consórcio, com uma participação de 70%, ou seja, é ela que toma as decisões. A Galp fica com apenas 30%. Quer isto dizer que será a Eni a investir mais, mas que será também ela a ganhar mais se de facto se encontrar petróleo.
A decisão pode dar a entender que a Galp está a abdicar do projeto, mas Ferreira de Oliveira explicou o porquê desta decisão.
"A Galp tem licenças para operar perfurações e, neste momento, em águas profundas só podemos ser operadores [líderes do consórcio] em águas até 400 metros. Não temos competência para operar em águas mais profundas como é este caso na bacia do Alentejo".