Governo defende que "existem razões de diferenciação" sobre Endesa, mas rejeita discriminação

O secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, André Moz Caldas, ao ser questionado no final da reunião do Conselho de Ministros sobre eventuais irregularidades nas faturas apresentadas pela Endesa declarou não ter conhecimento de qualquer irregularidade, até ao momento.
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O secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros rejeitou esta quinta-feira que o despacho do primeiro-ministro sobre a Endesa tenha sido discriminatório, defendendo que "existem razões de diferenciação" perante o comportamento da empresa.

"O Governo tem o entendimento de que o despacho não é discriminatório, no sentido em que existem razões de diferenciação do ponto de vista da forma como as empresas com as quais o Estado tem contratos se apresentaram publicamente em face destes problemas, que podem justificar, elas próprias, diferenciações do ponto de vista do seu funcionamento", defendeu André Moz Caldas durante o 'briefing' do Conselho de Ministros, que decorreu hoje no antigo no ministério do Mar, em Lisboa.

Questionado se, uma vez que a presidência do Conselho de Ministros tem um contrato com a Endesa, já foi detetada alguma irregularidade nas faturas apresentadas pela empresa, Moz Caldas respondeu: "Que seja do meu conhecimento, não foram detetadas quaisquer irregularidades até ao momento".

Em 2 de agosto, o primeiro-ministro, António Costa, determinou que os serviços do Estado não podem pagar faturas da Endesa sem validação prévia pelo secretário de Estado do Ambiente e da Energia, depois de o presidente da empresa ter admitido aumentos de 40% na eletricidade.

No despacho, o primeiro-ministro sublinha o dever de o Estado proteger o interesse dos contribuintes na gestão dos dinheiros públicos perante as "ameaças de práticas especulativas nos preços a praticar pela Endesa".

O presidente da Endesa, Nuno Ribeiro da Silva, disse em 31 de julho, em entrevista ao Jornal de Negócios e à Antena 1, que a eletricidade iria sofrer um aumento de cerca de 40% já nas faturas de julho, e que esse aumento era justificado pelo mecanismo ibérico para controlar o preço do gás na produção elétrica.

Na sequência das declarações, o Ministério do Ambiente e da Ação Climática divulgou um comunicado, no qual rejeitava declarações de Nuno Ribeiro da Silva, classificando-as como "alarmistas".

Depois da polémica, a Endesa acabou por emitir, a 01 de agosto, um comunicado comprometendo-se a manter os preços contratuais até dezembro e a cumprir os compromissos estabelecidos no mecanismo ibérico.

Durante este 'briefing', Moz Caldas foi ainda questionado sobre as declarações do chanceler alemão, Olaf Scholz, que apelou hoje a que seja construído um gasoduto que transporte gás a partir de Portugal através de Espanha e França para o resto da Europa.

O secretário de Estado sublinhou que "a questão das interligações com o resto da Europa é uma grande prioridade estratégica nacional".

"Não foram tratadas neste Conselho de Ministros, mas o Governo tem todos os dias, obviamente, acompanhado essa questão e colocado essa matéria no centro das suas prioridades", indicou.

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