Governo discute hoje novas regras para bancos que recorram aos 12 mil milhões

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As alterações às regras do recurso da banca ao fundo de capitalização deverão ser discutidas hoje em Conselho de Ministros e passam por mudanças numa portaria aprovada em 2009 pelo ministro Teixeira dos Santos.

O primeiro-ministro, Passos Coelho, anunciou a 25 de Outubro que a reunião do Executivo desta semana deverá aprovar as novas regras para o recurso por parte da banca à linha de recapitalização de 12 mil milhões de euros do programa assistência financeira.

As alterações deverão incluir mudanças na lei n.º 63-A/2008, promulgada em novembro de 2008, que estabelece medidas de reforço da solidez financeira dos bancos, assim como na portaria 493-A/2009, assinada pelo então ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, que regulamenta aquela legislação.

Esta informação foi confirmada à Lusa pelo Ministério das Finanças.

A entrada dos bancos no capital das instituições através de acções preferenciais sem direitos de voto deverá estar entre as alterações efectuadas.

O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, já garantiu que a entrada do Estado no capital dos bancos "não altera o controlo accionista". Na semana passada, quando anunciou a alteração das regras em Conselho de Ministros, também o primeiro-ministro reiterou que o Estado será um "accionista passivo".

No entanto, Passos Coelho também disse que haverá recomendações para que os bancos não distribuam dividendos em caso de recurso ao fundo. Além dos dividendos, também poderão ser colocadas limitações a prémios e bónus.

O artigo 14 da legislação de 2008 já contempla que "enquanto a instituição de crédito se encontrar abrangida pelo investimento público para reforço de fundos próprios" pode ficar sujeita "à política de distribuição de dividendos e de remuneração dos titulares de órgãos de administração e fiscalização, bem como à possibilidade de introdução de limitações a outras compensações de que beneficiem esses titulares".

As alterações deverão ainda passar por ficar inscrita a passagem do rácio 'core tier 1' (capital sobre activos ponderados de risco) para nove por cento este ano e 10% em 2012. Actualmente, esta é uma recomendação do Banco de Portugal.

Com as alterações que serão efectuadas em Conselho de Ministros, os bancos poderão recorrer ao fundo de capitalização ao abrigo das novas regras.

Até agora, estes têm resistido em recorrer ao fundo assustados com a 'nacionalização' dos bancos, a somar à diluição das posições dos accionistas e eventual 'fuga de depósitos' devido ao impacto reputacional dessa decisão.

No entanto, o cerco aperta-se. A semana passada, com a decisão europeia de perdoar 50 por cento da dívida grega e avaliar a preços de mercado a exposição dos bancos às dívidas soberanas, os bancos portugueses viram aumentadas as suas necessidades de capital, o que levou o BCP e o BPI a admitirem o recurso à linha de capitalização.

O reforço do fundo de capitalização público foi acordado com a troika para suprir eventuais necessidades de capital dos bancos. Segundo o acordo, o mecanismo de apoio à solvabilidade bancária preserva "durante uma fase inicial o controlo da gestão dos bancos pelos seus accionistas privados" permitindo-lhes "a opção de recompra da participação do Estado".

No entanto, acrescenta que os que requererem a injecção de capital "serão sujeitos a regras e restrições específicas de gestão e a um processo de reestruturação, de acordo com os requisitos de concorrência e de auxílios de Estado da União Europeia, que incentivem soluções baseadas no mercado".

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