
As negociações entre a TAP e os técnicos de manutenção de aeronaves da TAP não têm chegado a bom porto e o Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (SITEMA) garante que a greve irá mesmo avançar.
A estrutura sindical emitiu um pré-aviso de greve de quatro dias a todo o trabalho prestado na companhia aérea nos dias 21 e 28 de junho e 5 e 12 de julho e ao trabalho suplementar e deslocações em serviço a partir de amanhã e por tempo indeterminado. O presidente do sindicato garante que, caso não exista acordo com a TAP, a paralisação será alargada. “Iremos agravar a greve o que tivermos de agravar enquanto a TAP não cumprir o que tem a cumprir”, garante o presidente do SITEMA ao Dinheiro Vivo.
Jorge Alves adianta que na última semana reuniu duas vezes com a adminstração da TAP mas que, até à data, não existiu qualquer entendimento. “Eles querem alguma flexibilidade e nós já não temos flexibilidade nenhuma. As pessoas já não acreditam na empresa e já não há margem para negociar. Os trabalhadores só nos deixam levantar a greve quando virem o dinheiro na conta”, assegura.
O SITEMA exige o pagamento dos aumentos salariais de 6% definidos para este ano no novo acordo de empresa (AE) assinado em dezembro e publicado no Boletim do Trabalho e Emprego (BTE) no passado mês de fevereiro e afiança que não irá levantar a paralisação até que a empresa liderada por Luís Rodrigues proceda aos pagamentos acordados.
Depois de emitir o pré-aviso de greve, a 29 de maio, o sindicato foi também recebido no Ministério das Infraestruturas. “O governo mostrou-se preocupado [com a paralisação]. Disseram que iam tentar desatar o novelo e que a bola estava agora do lado deles”, explica.
A paralisação abrange 700 técnicos de manutenção de aeronaves da TAP e 80 da Portugália associados da estrutura sindical e visa “pressionar a empresa a cumprir as obrigações acordadas e a valorizar devidamente os esforços adicionais dos trabalhadores” no âmbito do novo AE.
Recorde-se que a TAP encetou negociações durante mais de um ano com os trabalhadores para assinar os novos AE que vieram substituir os acordos temporários de emergência (ATE), que vigoraram desde 2021, no âmbito do plano de reestruturação aprovado pela Comissão Europeia, ainda sob liderança de Christine Ourmières-Widener.
Coube a Luís Rodrigues conduzir as negociações com os representantes dos trabalhadores e restaurar a paz social na empresa. Mas o cenário de turbulência voltou à companhia depois de, no final do ano passado, o antigo ministro das Finanças, Fernando Medina, ter dado ordens ao CEO da transportadora aérea para cortar os custos com o pessoal, argumentando que a empresa está a incumprir as métricas definidas pelo plano de reestruturação aprovado pela Comissão Europeia. O rácio entre a massa salarial e as receitas estava, no final de 2023, nos 21%, acima dos 19% estipulados no documento de Bruxelas, de acordo com a informação veiculada pela transportadora aos sindicatos.
O presidente do SITEMA acusa ainda a transportadora aérea de não apresentar contas aos trabalhadores. “Dizem que querem baixar a massa salarial mas tão depressa dizem que o excedente são 70 milhões de euros como aponta 80 milhões de euros”, acusa.
Contactados, nem a TAP nem o Ministério das Infraestruturas prestaram esclarecimentos ao Dinheiro Vivo.