Grupo Altice avalia ativos em Portugal e França para reduzir dívida

Quatro bancos de investimento foram contratados para identificar formas de abater dívida. Entrada de novos investidores ou venda de ativos em cima da mesa.
Publicado a

O grupo Altice contratou bancos de investimento para avaliar ativos em Portugal, França e República Dominicana, tendo em vista o abatimento da enorme dívida acumulada nos últimos anos pelo grupo de telecomunicações. Este movimento inclui ativos da Altice Portugal e, em França, está a ser noticiado um acordo com o Morgan Stanley para a venda dos data centers do grupo de Patrick Drahi.

A Reuters avança esta quinta-feira que os bancos de investimento Lazard, BNP Paribas, Morgan Stanley e Goldman Sachs foram contratados para avaliar ativos e apurar o potencial interesse no mercado nos ativos do grupo. Citando fonte próxima do processo, a agência anglo-saxónica refere que estará em causa a potencial venda do operador francês SFR, mas também da Altice Portugal, bem como da operação da República Dominicana e a empresa de publicidade segmentada Teads.

Em França, o Le Monde dá conta que Patrick Drahi está disponível para abrir mão de uma parte do capital da SFR. Ou seja, permitir que outros investidores entrem na estrutura acionista. No entanto, o que está em cima da mesa poderá ser mais do que isso.

Segundo a Bloomberg, o CEO da Altice France (que controla a SFR e outras áreas do negócio do grupo naquele país), Arthur Dreyfus, comunicou às estruturas representativas dos trabalhadores que, "em todas as geografias", foram contratados consultores para avaliar a venda de ativos e que a venda dos data centers (em França e em Portugal) deverá ficar concluída durante o outono.

O jornal gaulês Les Echo já tinha adiantado, na quarta-feira, que o grupo está perto de fechar com o Morgan Stanley Infraestructure Partners um acordo de venda da totalidade ou parte dos 92 centros de dados que a telecom controla, em França. O negócio poderá valer cerca de mil milhões de euros ao grupo Altice. Acresce o centro de dados da Covilhã, pelo qual o grupo pretenderá mais de cem milhões de euros.

A decisão de avaliar os ativos em diferentes geografias prende-se com a necessidade do grupo abater uma dívida, que, no final de 2022, rondava os 31 mil milhões de euros (atualmente, a dívida global deverá superar os 50 mil milhões de euros). A essa necessidade somam-se os estragos reputacionais que o alegado esquema de corrupção que envolve a Altice Portugal. O caso envolve Armando Pereira, o histórico sócio de Drahi, e outros gestores de topo do grupo telecom, que terá lesado a dona da Meo em em várias centenas de milhões de euros e desviado dos cofres do Estado português 100 milhões de euros em impostos.

Patrick Drahi terá pelo menos dois cenários em cima da mesa: admitir novos investidores no grupo Altice ou vender total ou parcialmente ativos, sobretudo, em Portugal e França.

No final de agosto, o Jornal de Negócios noticiou que Patrick Drahi, acompanhado por Ana Figueiredo, CEO da Altice Portugal, iria reunir durante este mês de setembro, em Londres e em Nova Iorque, com investidores para, por um lado, tranquilizar o mercado face ao que aconteceu em Portugal e, por outro, encontrar soluções que tragam estabilidade financeira ao grupo Altice (tendo em conta a dívida que tem de ser paga).

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt