Guerra arrasa previsões. BCE corta a fundo no crescimento e prevê choque na inflação em 2022

Guerra arrasa previsões de dezembro. Zona euro já só deve crescer 3,7% em 2022 e inflação deve passar a barreira dos 5% ou pior. Este é o cenário de base, mas BCE está a calcular outros dois ainda mais graves, revelou Lagarde.
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A economia da zona euro já só deve crescer 3,7% em 2022, tendo em conta os primeiros dados económicos muito negativos e incertos que emergiram com a guerra da Rússia contra a Ucrânia. Esta nova previsão do Banco Central Europeu (BCE) compara com os 4,2% de há apenas três meses.

Esta quinta-feira, o BCE também subiu e muito a projeção de inflação para o ano corrente. Em dezembro, as contas da instituição sediada em Frankfurt apontavam para 3,2% (quase o dobro face aos 1,7% de setembro) já por causa das fortes pressões que se sentiam na altura ao nível dos preços da energia e de muitas outras matérias-primas, sobretudo alimentares.

Mas com a nova guerra, muitos preços passaram de muito altos e explosivos. Assim, o BCE subiu a previsão de inflação para 5,1% este ano, sendo que Christine Lagarde, a presidente do banco central do euro, foi avisando ao longo da conferência de imprensa de que há sinais de que a subida fortíssima dos preços pode não ser algo temporário.

Pode perdurar "no médio prazo", ou seja, afetar muito mais do que se pensa agora os bolsos das famílias e os orçamentos dos governos e das empresas até 2024. Depende do desenrolar da guerra, da agressividade e duração do conflito, das sanções impostas que penalizam a Rússia mas que também provocam efeito de ricochete na Europa e no comércio internacional.

Um cenário central, um mau e outro péssimo

O BCE está a trabalhar hoje com um cenário de base em que a inflação sobe 5,1% este ano, mas depois suaviza para 2,8% em 2023 e 1,6% em 2024.

No caso do crescimento, a projeção de base dá um avanço do PIB real de 3,7% este ano, 2,8% em 2023 e 1,6% em 2024.

No entanto, Lagarde frisou bem que as coisas podem piorar. Os riscos são tão adversos que o BCE também já começou a fazer contas em torno de dois cenários alternativos: um mau e um péssimo. Os resultados completos serão divulgados no relatório sobre as projeções na sexta-feira (dia 11).

Em todo o caso, BCE avançou já nesta quinta-feira com alguns números macro que emergem dos cenários alternativos testados. "Ambos os cenários" são piores do que o quadro de base, avisou Lagarde.

No adverso (cenário menos mau), o crescimento económico deste ano será de 2,5% em vez dos 3,7% do cenário base. A inflação atinge 5,9% (5,1% no quadro base).

No cenário severo (péssimo), o crescimento esvai-se até 2,3% em 2022 e a inflação dispara até aos 7,1%, segundo as contas dos economistas do BCE.

(atualizado 16h15)

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