A balança do comércio de bens entre Portugal e o Brasil é acentuadamente favorável ao país irmão. E, nos últimos anos, essa tendência agravou-se, alavancada na importação de óleos brutos de petróleo. Com a guerra na Ucrânia, Portugal intensificou as compras de combustíveis fósseis ao Brasil.
Só no primeiro semestre, o valor das importações destes produtos ultrapassou os 1515 milhões de euros, quase tanto como o total adquirido em 2021 (1563 milhões), evidenciam os dados facultados pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal. Sinal que nesta crise energética Portugal privilegiou o reforço da ponte atlântica, opção que elevou ainda mais o défice comercial com o Brasil.
Nos primeiros seis meses, as importações portuguesas aumentaram 108%, para 2460 milhões de euros, gerando um saldo negativo de mais de dois mil milhões. O valor é já superior ao défice registado em 2021 face ao exercício precedente, quando superou os 1840 milhões. O ouro negro lidera destacado o ranking das importações provenientes da Terra de Vera Cruz, seguido a distância significativa pelos produtos agrícolas, como a soja e o milho, as madeiras, metais comuns e artigos alimentares. Estas quatro categorias que completam o ranking dos cinco bens mais procurados em 2021 por Portugal custaram 827,8 milhões. Já nos primeiros seis meses deste ano ascenderam a 760 milhões, ou seja, não é só o petróleo a contribuir para o desequilíbrio da balança entre os dois países.
Portugal precisa de petróleo e os brasileiros elegem o azeite, que é distintamente o rei das exportações para o Brasil. No ano passado, contribuiu com 233,8 milhões para o volume de vendas para o mercado brasileiro, que atingiram os 707 milhões. Ainda assim, houve uma quebra de 7% face a 2020, em linha com a descida verificada nos últimos cinco anos das exportações globais para aquela que é a 12.ª economia do Mundo e a 1.ª da América Latina. Entre 2017 - quando Portugal vendeu produtos no montante de 943,7 milhões - e 2021, registou-se um decréscimo médio anual de 6,8%.
A seguir ao azeite, os vinhos são a categoria mais exportada, totalizando em 2021 73,6 milhões. Seguem-se os veículos e materiais de transporte (63,6 milhões), o peixe congelado (29,6 milhões) e peixes em diferentes estados (17 milhões). No primeiro semestre, Portugal conseguiu aumentar em 20% as exportações, para 411 milhões.