Guerra com a Coreia do Norte pode ser uma das mais caras de sempre

As estimativas iniciais apontam para possíveis custos totais de uma eventual conflito militar na ordem dos cinco biliões de dólares.
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Com as bolsas mundiais já a sofrer o impacto de uma nova escalada da tensão política e militar entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, um eventual cenário de guerra poderia significar uma queda de 1,6% no PIB a nível global, de acordo com os analistas da consultora Capital Economics, citados pela Bloomberg.

Isto porque a Coreia do Sul, um dos principais países que seria imediatamente afetado em caso de conflito armado de larga escala, representa 2% do PIB mundial e poderia ver o seu PIB nacional cair 80% ou mais caso a vizinha Coreia do Norte opte por lançar um ataque a bases militares americanas no Oceano Pacífico, como já ameaçou repetidas vezes.

Do outro lado da barricada, o presidente norte-americano, Donald Trump, usou esta semana a rede social Twitter para ameaçar o líder sul-coreano, Kim Jong-un, com "fogo, fúria e poder, como o mundo nunca viu antes". As estimativas iniciais apontam para possíveis custos totais de uma eventual conflito militar entre os dois países na ordem dos cinco biliões de dólares.

Desta forma, e de acordo com a análise da Capital Economics, uma nova guerra na península coreana poderia transformar-se numa das mais caras de sempre da História, tendo em conta também as quedas registadas nos produtos internos brutos dos países afetados pelos principais conflitos militares que se registaram desde a Segunda Guerra Mundial.

A começar pela guerra entre as duas Coreias, entre 1950 e 1953, que causou a morte a 1,2 milhões de sul-coreanos e provocou uma queda de 80% no PIB do país. Os dados da consultora mostram que a segunda guerra mais cara foi a do Iraque, em 1991 (com uma queda de 70% do PIB), seguida pelo conflito na Síria (2011 a 2016) que resultou em perdas de 60% no produto interno bruto do país.

"A experiência de conflitos militares anteriores mostra a dimensão do impacto que as guerras têm nas economias", concluíram os analistas Gareth Leather e Krystal Tan, da Capital Economics.

Além disso, a análise da consultora revela que em caso de guerra várias cadeias de produção e distribuição, desde smartphones a ecrãs de televisão e automóveis, seriam gravemente afetadas, prejudicando o crescimento económico e fazendo disparar os preços. De acordo com a Bloomberg, a Coreia do Sul é o maior produtor mundial de ecrãs de cristais líquidos (para televisões e outros aparelhos eletrónicos) e é responsável por 40% da produção global. Além disso é o segundo maior produtor de semi-condutores usados em smartphones, com 17% da quota de mercado. Soma-se ainda a produção automóvel norte-coreana, uma das maiores do mundo.

"Se a Coreia do Norte for gravemente afetada por uma guerra serão registadas falhas destes produtos em todo o mundo durante bastante tempo", escreveram os analistas no seu estudo, realçando também o possível impacto nas rotas marítimas transportes de mercadorias de e para a vizinha China. "Se ficar muito perigoso para os cargueiros entrarem e saírem dos portos chineses, o impacto na economia global seria enorme", refere a análise.

Por último, a Capital Economics refere as consequências de uma guerra com a Coreia do Norte para a economia norte-americana. "Em 1952, o governo norte-americano gastava o equivalente a 4,2% do seu PIB no combate à primeira guerra coreana. O total de custo da segunda Guerra do Golfo (2003) e o pós-guerra foi estimado em um bilião de dólares - 5% do PIB anual dos EUA. Uma nova guerra coreana prolongada iria aumentar a dívida de Washington, que já chega a 75% do PIB", referem os analistas da Capital Economics.

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