Guia da poupança: 10 perguntas e respostas para o ajudar a juntar dinheiro

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1. Ainda vale a pena ter uma conta poupança? Contas poupança e depósitos a prazo já foram uma boa solução para quem quer aplicar dinheiro, diz António Ribeiro, economista da Deco Proteste. Mas hoje não compensam, desde logo pelas taxas de juro, que estão em níveis historicamente baixos. Um depósito a prazo a um ano rende, em média, 0,1% líquido, podendo chegar a 0.7% com a melhor taxa - não há ganhos relevantes. E alguns depósitos nem permitem a mobilização antecipada do capital, alerta o responsável. Ainda assim, pode haver razão para manter uma conta destas: "Pode ser um bom produto para fazer face a imprevistos". Procurar saber "que instituição bancária que oferece as melhores condições" e "nunca colocar toda a poupança em depósitos", são recomendações de António Ribeiro.

2. Que tipo de produtos é aconselhado? "Manter o mínimo possível de dinheiro em depósitos à ordem" é o primeiro conselho do economista da Deco, que lembra ainda a importância de "ter sempre um fundo de emergência", ou seja, um conjunto de aplicações que facilmente se transformam em dinheiro, "aplicações financeiras com elevada liquidez", como depósitos a prazo ou certificados de aforro. O valor indicativo é o equivalente a seis salários. Outras poupanças que existam "não devem ser aplicadas a curto, mas sim a médio/longo prazo", em produtos com capital garantido - de que são exemplo os fundos de investimento, fundos mistos e carteira de fundos - ou sem capital garantido, mas seguros, como os títulos de dívida pública, certificados de aforro ou do tesouro.

3. Quando devo começar a pensar na reforma? Nunca é cedo. "Comece a preparar a reforma, nomeadamente poupança de longo prazo, o mais cedo possível", diz a Deco. "O Plano Poupança Reforma (PPR) deve ser feito preferencialmente quando se inicia a vida ativa, pois trata-se de uma poupança de longo prazo" que oferecerá benefícios em duas vertentes: tempo e uma capitalização superior do rendimento.

4. PPR é uma boa opção? "E se lhe dissermos que juntando dois euros por dia consegue amealhar mais de 110 mil euros até à idade da reforma?" A questão é deixada pela Deco Proteste, pressupondo que começa a pôr dinheiro de lado aos 30 anos e o aplica tendo em conta os produtos mais vantajosos (que pode encontrar nos simuladores da Deco). Acresce a vantagem de "os valores aplicados anualmente em PPR serem dedutíveis até 20% no IRS e, no momento do reembolso, beneficiam de taxas de imposto mais reduzidas".

5. Fazer um orçamento familiar pode ser útil? Sim. A especialista em Finanças Pessoais Bárbara Barroso considera este o primeiro passo para a poupança: "Utilize um caderno, uma folha de cálculo, documento de computador ou aplicação de telemóvel para apontar todas as despesas, desde o café até à prestação da casa", aconselha a fundadora do MoneyLab. "Assim saberá exatamente para onde está a ir o dinheiro e pode fazer ajustes." Bárbara Barroso deixa ainda outros conselhos, como a necessidade de definir um valor de poupança mensal e pô-lo imediatamente de parte. "Se esperar que chegue o fim do mês e usar o que sobra é mais difícil do que ajustar o orçamento sem esse valor à partida." Há várias apps que podem ajudar nisto, como a Boonzi ou a Ynab.

6. Que tipo de investimentos posso fazer? O Contas Connosco, da Cofidis, aconselha abordagens distintas quando está em diferentes fases. "Se vai aplicar o seu dinheiro por muitos anos, prefira os fundos de investimento com carteira diversificada - distribuída por ações de empresas a nível global." Investir em ações, através de aplicações em fundos é outra hipótese. Mas deixa um alerta: "À medida que se vai aproximando o momento em que precise de usar o dinheiro, baixe progressivamente a fatia da poupança aplicada e transfira-a para ativos de menor risco, como obrigações ou depósitos."

7. E como posso rentabilizar o dinheiro que ponho de parte? Bárbara Barroso sugere uma estratégia que junta certificados de aforro com depósitos a prazo. "Os certificados têm alguma rendibilidade, mas não podem ser mobilizados nos primeiros três meses" - se tiver uma emergência não pode usar esse dinheiro. A fundadora do MoneyLab propõe que deixe parte do valor num depósito a prazo ou conta-ordenado remunerada e conforme vá conseguindo poupar mais vai colocando nos certificados de aforro. "O ideal é apostar num produto que lhe permita resgatar o dinheiro rapidamente e sem penalizações, em caso de emergência", resume o Contas Connosco.

8. Posso pôr de parte mais num mês e gastar no seguinte? É possível, mas é muito mais difícil de controlar. "Melhor do que poupar 50% no primeiro mês e nunca mais conseguir guardar nada, é poupar um pouco todos os meses", aconselha o Contas Connosco. "A frequência é tão ou mais importante que a quantia."

9. E o que faço às dívidas? "É praticamente impossível conseguir poupar se tiver dívidas para pagar", sublinha o site da Cofidis, que recomenda que comece por livrar-se das dívidas ou, se não conseguir limpar todos os créditos, "tente amortizá-los parcialmente de forma a poupar nos juros. Pode ainda tentar fazer uma consolidação de créditos, o que na maioria dos casos gera poupanças."

10. Há algum desafio que me ajude? Há vários, incluindo o das 52 semanas, que lhe poderá render 1378 euros no ano. A ideia é simples: durante as 52 semanas do ano, reserva o valor equivalente à semana: um euro na primeira, dois na segunda e por aí fora. Pode também fazer ao contrário, pondo de parte 52 euros na primeira semana e ir reduzindo valor e esforço. Outra ideia, partilhada pela Reorganiza, especialista em coaching financeiro, é guardar todas as moedas de dois euros que lhe vierem parar às mãos. João Morais Barbosa, recomenda que estabeleça metas - o valor de algo que quer - e depois siga as regras: pagar em dinheiro sempre que possível e guardar as moedas diariamente. "O truque exige acima de tudo, disciplina."

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