Entre 2017 e 2021, último ano para o qual há dados disponíveis, o número de trabalhadores imigrantes em Portugal Continental disparou para 228,1 mil, representando já 7,8% da mão-de-obra nacional. Há agora mais 88,2 mil estrangeiros nas empresas portugueses, de acordo com o relatório sobre emprego e formação de 2022 do Centro de Relações Laborais do Ministério do Trabalho, divulgado esta quarta-feira. Imigrantes de nacionalidade brasileira e asiática dominam..Há dois anos, cerca de 32,5% dos trabalhadores por conta de outrem estrangeiros eram oriundos do Brasil, 20,7% da Ásia, 17,2% dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e 14% da União Europeia, segundo o mesmo relatório, que indica que, "entre 2020 e 2021, o número total de estrangeiros, apesar de ter aumentado 4,7%, não se repercutiu de igual forma no que respeita às diversas nacionalidades". Assim, os imigrantes com maior peso no total de estrangeiros registaram, na sua maioria, decréscimos, em particular espanhóis, que diminuíram 15,6%, romenos, com uma redução de 7,8%, e ucranianos (menos 6,1%). É provável que estas estatísticas tenham entretanto evoluído no sentido inverso, nomeadamente em relação aos estrangeiros de origem ucraniana, uma vez que o último ano analisado - 2021 - marcou o início da guerra russa na Ucrânia. Com o conflito, muitos trabalhadores daquele país rumaram a outros países, incluindo Portugal..O estudo elaborado pelo Centro de Relações Laborais dá ainda conta que, em 2021, verificou-se, nas empresas do Continente, um aumento de 1,6 mil trabalhadores nascidos no Brasil e uma subida de 1,3 mil pessoas de nacionalidade indiana..Por setores de atividade, em 2021, 22,2% destes estrangeiros trabalhavam no setor das atividades administrativas e dos serviços de apoio, logo seguido pelo alojamento, restauração e similares (15,7%), construção (11,2%), comércio por grosso e a retalho (10,7%) e indústria transformadora (10,5%). Relativamente ao ano anterior, o número de imigrantes aumentou em todos os ramos de atividade, com exceção da agricultura, produção animal, caça e atividades dos serviços relacionados, silvicultura e exploração florestal, que registou uma quebra de cerca de 4%, com menos 752 estrangeiros..Olhando para a evolução dos cinco anos, entre 2017 e 2021, o relatório mostra que há mais trabalhadores estrangeiros em todos os setores, sem exceção, tendo esse aumento sido mais expressivo nas atividades administrativas e dos serviços de apoio, que empregou mais 20,2 mil imigrantes; na construção, com mais 13,8 mil estrangeiros; na indústria transformadora, que contratou mais 10,5 mil trabalhadores; na agricultura, produção animal, caça e atividades dos serviços relacionados, silvicultura e exploração florestal, onde se verificou um aumento de oito mil trabalhadores estrangeiros; no comércio por grosso e a retalho, com mais 7,7 mil pessoas; e no alojamento, restauração e similares, que deu trabalho a mais 6,4 mil imigrantes.."Em 2021, 33,5% dos trabalhadores por conta de outrem estrangeiros tinham o ensino secundário ou pós-secundário e 29,7% tinham o 3º ciclo do ensino básico", lê-se no mesmo estudo..O relatório traça ainda um retrato das empresas a operar em Portugal, excluindo as companhias em nome individual, com base nos quadros de pessoal do Ministério do Trabalho relativos a 2021, ano mais recente para o qual há dados disponíveis. Assim, conclui-se que há menos 5,8 mil firmas. "Em 2021, responderam aos quadros de pessoal 271,8 mil empresas, menos cerca de 5,8 mil do que em 2020. Não obstante uma ligeira subida em 2018, o número de empresas tem vindo a apresentar uma trajetória de decréscimo nos últimos anos", aponta o documento. O relatório não explica, porém, a que se deve esta diminuição de cerca de 2%, entre 2020 e 2021: se se tratam de falências, fusões ou encerramentos devido ao impacto provocado pela crise pandémica da covid-19..Apesar deste recuo verificado nos quadros de pessoal, os dados do Sistema Integrado de Contas das Empresas do Instituto Nacional de Estatística (INE), de 2021, mostram outra realidade, que também foi analisada pelo Centro de Relações Laborais. Estas estatísticas, que já incluem as empresas em nome individual, revelam, afinal, que, há dois anos, existiam no Continente 1,34 milhões de companhias, mais 3,2%, o que corresponde a mais cerca de 41,1 mil empresas, face a 2020. Analisando os cinco anos, entre 2021 e 2017, "verifica-se uma tendência de subida do número de empresas, apesar do ligeiro decréscimo em 2020", destaca o relatório do emprego e formação profissional de 2022 do Centro de Relações Laborais.