"Há um risco significativo de desperdício dos fundos europeus"

Maria Luís Albuquerque, ex-ministra das Finanças, admite que o setor financeiro "pode vir a ter um problema significativo nos próximos anos"
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"Sem mecanismo de controlo europeu, há um risco significativo de desperdício dos fundos e ajudas europeias", disse Maria Luís Albuquerque no Orange Lab, think tank de iniciativa da Distrital de Setúbal do PSD para debater o papel dos Fundos de Recuperação e Competitividade pós-pandemia.

A antiga ministra das Finanças no governo PSD/CDS-PP assinalou que "se não conseguirmos ultrapassar a crise sanitária tão rápido como gostaríamos que acontecesse, se a recessão for mais profunda do que aquilo que já estamos a temer, pode não haver condições políticas ao nível europeu para fazer um controlo com rigor [dos fundos]".

No caso concreto de Portugal, afirmou: "Não tenho esperança de que as opções sejam feitas no caminho certo. Haverá projetos de bandeira, mas no final o que vai haver é provavelmente um grande desperdício de fundos".

Sobre o assunto, António Nogueira Leite, presente na mesma iniciativa, de acordo com um comunicado, salientou que "os bancos portugueses não deverão ter condições nos próximos anos de conceder crédito em grau significativo para apoiar uma recuperação", acrescentando: "O fim das moratórias pode originar um impacte importante no capital dos bancos".

Em relação ao impacto social da crise, Maria Luís Albuquerque disse ser "muito difícil" perceber a extensão do problema: "Existe neste momento uma anestesia, porque temos as moratórias de créditos, temos os lay-off, porque o estado não está a executar penhoras, porque não se pode executar despejos das pessoas se deixarem de pagar as rendas", e que "a anestesia vai terminar necessariamente e nós não sabemos o que vai estará do outro lado".

Admite que "podem existir muitas empresas que após as moratórias podem entrar em insolvência, e o impacto destas insolvências pode repercutir-se também no setor financeiro", que a oradora considera que "pode vir a ter um problema significativo nos próximos anos".

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