História

Com a democratização digital, todos podem ser protagonistas dos seus próprios media.
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Algures no seu tempo, grandes vultos da história, homens e mulheres que nos inspiraram com as suas ideias, convicções, coragem, vaguearam incógnitos, recolhidos na melancolia da sua pequenez. Artistas, filósofos, líderes de pensamento, que ultrapassaram a adversidade, que construíram a sua glória, por vezes tardia, por não conceberem outro mundo que não o seu, por acreditarem não existir outra alternativa de realização.

Se existe algo de comum entre eles é uma dedicação invulgar ao desígnio que os move. Um esforço que muitas vezes passa impercetível, e que os torna mais capazes de executar essa tarefa. Seja inteligência, dedicação ou vontade, algumas culturas ocidentais fizeram desta capacidade um modo de estar, desenvolvendo um estado de meritocracia em que a competência está relacionada com o êxito, ainda que com o contributo relevante de aspetos como educação e oportunidade.

A segunda metade do século passado introduziu um novo léxico cultural, onde expressões como individualismo, escolha, participação, globalização, conectividade, passaram a ter um significado mais importante. O êxito passou a ser medido não apenas pelo contributo que um indivíduo dá ao mundo, mas à forma como participa nesse mundo. Com a democratização digital, todos podem ser protagonistas dos seus próprios media, celebridades nos seus micro universos de influência.

Muitas vezes se ouve dizer que não existem políticos como antes, indivíduos extraordinários nos seus conhecimentos, admirados até pelos seus opositores. A expressão “populismo” surgiu no século XIX e consiste nas práticas políticas de apelo ao “povo”, em contraposição à “elite”. Atualmente com uma conotação negativa, esta forma de fazer política ganhou relevância por não existir escrutínio, por não existir uma voz da verdade num mundo onde todas as verdades são aceites.

Um dos efeitos desta evolução é a velocidade com que estes novos protagonistas ganham expressão na sociedade, não apenas circunscrita às redes sociais, mas facilitada pelo facto de existirem estas plataformas de divulgação massificada. Com esta facilidade de acesso é possível dar voz a todos os que conseguem construir uma audiência. A questão não está em saber se o que dizem está certo ou errado, mas em perceber que este sistema permite que prosperem os mais aptos na forma e não necessariamente no conteúdo.

Managing director da OMD

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