"Desde o dia 15 de julho de 2014 que o hotel Praia D"el Rey não deve um euro a ninguém", disse o gestor em entrevista ao Dinheiro Vivo, acrescentando que o hotel até já está a crescer. Só neste ano, conta, o resultado operacional aumentou três vezes, a faturação cresceu 15% e a ocupação 8%, estando agora nos 65%, "o que é muito bom para um hotel fora das principais zonas turísticas". E até criaram empregos. "Ficámos com todos os trabalhadores e depois crescemos 10% a 15%. Estamos com 130 a tempo inteiro"..A explicar este aumento, adianta o gestor, está "uma mudança muito grande na estratégia", que aposta "nos estrangeiros, principalmente na época baixa" e no "potenciar da marca", porque "se o hotel não estivesse bem, o Marriott já não estaria lá", salientou..Só falta mesmo a Seleção voltar, mas não será para já. "Fernando Santos falou comigo e cada treinador tem o seu estilo e ele pensa que é melhor não estarem tão isolados", contou. A última vez que a seleção estagiou no Praia D"el Rey foi em setembro de 2014, no último jogo de Paulo Bento como selecionador..Para o gestor não há dúvidas de que a decisão nada tem a ver com a situação que o hotel atravessou e até insiste que "é fundamental separar o Marriott do resort", que pertence à Béltico Empreendimentos Turísticos, que ainda está em insolvência. "Hoje, o hotel Marriott é completamente independente do grupo Béltico. Tem um novo site e uma nova equipa de gestão, que somos nós, a Blue Shift", garantiu Nogueira de Sousa, que também esteve envolvido na recuperação do resort Campo Real, na região Oeste..Blue Shift quer gerir resort.O cenário do Praia D"el Rey é hoje muito diferente de há pouco mais de um ano. "O Hotel da Praia [a empresa que geria o Marriott] estava dentro do universo Béltico e até subcontratava serviços do restaurante a empresas do grupo", recorda o responsável. Era uma das 28 empresas do Béltico SGPS, todas elas lideradas por Stuart Swycher e por Rui Bragança Bruno, sendo que cada uma delas acabava por representar um "departamento"..Por exemplo, para a gestão do imobiliário do resort havia a Béltico Empreendimentos Turísticos; para a manutenção das mais de mil casas do resort foi constituída a ResidenBéltico; e para o aluguer e venda de parte desses imóveis - 148 apartamentos - havia a Interentals. Já a gestão do restaurante Argento, do Clubhouse e do minimercado era feita pela BélticoRest..Empresas que entraram ou estão a entrar em insolvência. O Hotel da Praia foi o primeiro, em 2014, e seguiu-se a Béltico Empreendimentos Turísticos, em março deste ano. Ambas têm como maior credor o fundo Aquarius, da sociedade de capital de risco Oxy Capital, que não respondeu aos insistentes pedidos de esclarecimento do Dinheiro Vivo..A BélticoRest também foi arrastada. No início de julho, o administrador de insolvência da Béltico Empreendimentos Turísticos até fechou o restaurante Argento, o clubhouse e o minimercado que lhe deviam rendas..Foi nessa altura que a Blue Shift voltou a entrar em cena ao aceitar o desafio de ficar a gerir estes espaços. Ficou ainda com a gestão de 68 dos 148 apartamentos que apesar de estarem a ser geridos pela Interentals eram propriedade da Béltico Empreendimentos Turísticos e ainda estavam por vender.."Depois da recuperação do Campo Real, a Blue Shift saiu e não se assumiu como gestora a tempo inteiro. Mas no Praia D"el Rey estamos para ficar e até vamos tentar assumir a ResidenBéltico, a empresa que mantém as mais de mil casas do resort", adiantou Nogueira de Sousa..O gestor repara que a Blue Shift "tem capacidade para gerir cinco hotéis com o tipo de intervenção que teve o Praia D"el Rey", e nota que, neste caso, "deve haver um interlocutor único dos proprietários das casas. Vamos tentar ser esse interlocutor".