Hoti investe 30 milhões em dois hotéis no Porto

Plano de expansão do grupo hoteleiro nascido no Norte soma quase 100 milhões de euros de investimento até 2020.
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O Grupo Hoti Hotéis prepara-se para investir fortemente em novos espaços hoteleiros na cidade do Porto, onde já detém quatro unidades de diferentes marcas. Os 30 milhões de euros destinados aos hotéis na Invicta representam quase 30% do montante de investimento planeado pelo grupo, em Portugal e em Moçambique, até 2020.

“Temos planos para construir um Hotel Tryp [quatro estrelas] na Baixa do Porto, até 2019, e vamos avançar com o Hotel Meliá [cinco estrelas] na Avenida da Boavista”, anunciou Manuel Proença, presidente do grupo. O primeiro orçará em 10 milhões de euros e o segundo, que inclui um centro de negócios de 29 mil metros quadrados, custará 20 milhões de euros.

O projeto do hotel da Avenida da Boavista remonta a 1999, mas foi atrasado por um imbróglio judicial que estará em vias de resolver-se por via de um acordo. Ali perto, o grupo abriu, em 2013, e fora das parcerias internacionais que tem com a Meliá Hotels e a Tryp Wyndham, o Hotel da Música, mas esta unidade não competirá com o segmento que poderá instalar-se nas cinco estrelas do futuro centro de negócios da Boavista, perspetiva Manuel Proença.

Quanto ao hotel na Baixa do Porto, que terá a marca de quatro estrelas Tryp, a localização está “no segredo do negócio, ainda em negociações”, sendo certo que irá abarcar uma zona não contemplada desde já pelo Tryp Porto Centro, na Rua da Alegria, mas deverá abranger a área de maior procura turística no coração da cidade. “Aguardamos decisão da autarquia em breve para poder revelar pormenores, visto que também é para estar pronto entre 2018 e 2019”, desvenda o empresário.

“Este ano, estamos a bater recordes de vendas e de ocupação, e o Porto é o destino que mais cresce, percentualmente”, adiantou, justificando o reforço na cidade onde o grupo já detém quatro hotéis: o Tryp Porto Expo, o Tryp Porto Centro, o Hotel da Música e o Hotel Star Inn Porto. Manuel Proença considera que “o rumo que o trabalho de entidades como a Associação de Turismo do Porto e o presidente da Câmara têm tomado colocou a cidade no mapa europeu do turismo, de forma sustentada”. Apesar do crescimento rápido, sublinhou Manuel Proença, e “ao contrário de Lisboa, o Porto tomou boas decisões, não cedendo à tentação de criar taxas turísticas” e “mantendo o alojamento local sob controlo”.

Ainda assim, as unidades do grupo em Lisboa estão entre as mais rentáveis. “O hotel do aeroporto tem 100% de ocupação, porque há os viajantes que só ficam durante o dia, para tomar um duche e descansar antes de apanhar outro avião, e depois entram os que passam a noite”, explica Manuel Proença, satisfeito com a evolução do preço médio na capital. “O Tryp Aeroporto nunca custa menos de 100€ por noite e no Star Inn [básico] não ficará por menos de 70€”, anunciou.

100 milhões para chegar aos 20 hotéis até 2020

No plano de investimento do Grupo Hoti Hotéis até 2020, no valor de quase 100 milhões de euros, incluem-se os investimentos em curso em Lisboa (o Star Inn junto ao aeroporto, que reabilitou os antigos escritórios da ANA - Aeroportos e custou 7 milhões de euros, a inaugurar a 15 de março de 2017), na Costa da Caparica (4 milhões de euros estão a ser aplicados na renovação e conversão num hotel temático dedicado ao golfe, com reabertura agendada para fevereiro de 2017) e em Moçambique, onde está em construção o Hotel Hoti Star, um quatro estrelas que custou cerca de 18 milhões de euros e que será inaugurado no próximo ano também. Ainda em 2016, o grupo deverá adquirir a unidade que gere em Castelo Branco, um investimento de 5 milhões.

Para o final de 2018 está agendada a inauguração do Braga Tryp Centro, um projeto de reabilitação urbana de 13 milhões de euros, e estará em vias de conclusão um novo hotel Meliá em Montegordo, no valor de 16 milhões de euros, para o qual o Grupo Hoti Hotéis foi escolhido esta semana. Em 2019, nascerá a nova marca do grupo para os mais jovens: a Inn Side. “A localização já foi escolhida: será no Largo do Rato, em Lisboa”, revela Manuel Proença, sem querer adiantar mais pormenores do projeto.

Meio século de carreira no turismo

Homenageado recentemente pela carreira de mais de 50 anos no turismo, e com 74 anos de idade desmentidos pela vitalidade e capacidade de trabalho, o presidente dos Hoti Hotéis não está pronto para parar. “Só falei nos projetos até 2020, mas tenho projetos para ter 30 hotéis até 2030 e tenciono levá-los até ao fim”, garante Manuel Proença.

Nado e criado na Beira Interior, Manuel Proença rumou a Lisboa para estudar Administração e ingressou na Banca, que havia de destacá-lo para o Porto. Com a revolução de 1974 e a agitação decorrente, perante a habilidade com que lidou com trabalhadores numa agência de viagens pertencente ao antigo Banco Borges & Irmão, outros banqueiros com negócios no turismo pediram ajuda ao gestor que, entretanto, também adquirira a agência Intervisa a um banco. “Geri o Hotel Dom Henrique e pu-lo a fazer dinheiro, com espetáculos de fado no restaurante do último andar”, recorda Manuel Proença. Seguiram-se o Grande Hotel do Porto e muitos outros, entre os quais o de Castelo Branco, que irá adquirir este ano. “Só construímos o primeiro hotel próprio em 1998, o Tryp Lisboa Oriente”, revela o gestor. A representação das marcas internacionais Tryp e Meliá e uma estratégia de individualização de cada hotel enquanto empresa (em Braga, Aveiro e em Leça, os donos do terreno são sócios da unidade ali construída) permitiu a expansão do grupo, cujo primeiro hotel independente acabou por ser o Hotel da Música, no Porto.

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