Houve 47 concursos públicos ilegais para aquisição de software em 2013

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Os dados são da ESOP - Associação de Empresas de

Software Open Source Portuguesas e indicam que foram lançados 47 concursos

públicos ilegais para aquisição de software no ano passado. Uma situação "preocupante", diz a associação, já que se trata de despesa do Estado.

Segundo a associação, estes concursos representaram despesas superiores a oito milhões de

euros, sendo a sua totalidade destinado à aquisição de software

proprietário, maioritariamente da Microsoft. Entre 2012 e 2013, o número de concursos ilegais aumentou bastante, cerca de 135%, e o valor dos mesmos mais que duplicou.

A ESOP analisou 363

concursos públicos em 2013, entre os quais identificou 47 com ilegalidades. Destes, 12 foram lançados por organismos da administração direta, 22 pela administração autónoma e 13 pela administração indireta. "Os dados revelam que há um número

significativo de concursos considerados ilegais que foram lançados

por autarquias locais", ressalta a ESOP, sublinhando que há aqui "um longo caminho a percorrer no

sentido de sensibilizar os decisores para a necessidade de fomentar a

concorrência como forma de obter melhores produtos a um preço mais

baixo."

Os dados podem ser consultados no site da ESOP, onde se verifica que 70% dos concursos considerados

ilegais visou a aquisição de software Microsoft e 15% de software SAP.

"Esta despesa representa no essencial mais importações", frisa a associação.

"Numa conjuntura onde o Estado exige

um esforço financeiro acrescido aos cidadãos e às empresas,

importa assegurar maior rigor no cumprimento da lei, garantir a

prossecução de práticas de racionalização e poupança nas

aquisições de bens e serviços e incentivar a indústria nacional

de software", escreve a ESOP.

A associação interpôs em 2012 uma ação

judicial contra a Câmara Municipal de Almada, a propósito do

lançamento de um concurso público para aquisição de software, no

valor de 550 mil euros. O Tribunal acabou por considerar que o procedimento lançado pela autarquia violara a lei.

Tal como no caso de Almada, na maioria

dos concursos considerados como ilegais pela ESOP incluem referências explícitas a marcas, modelos, versões ou 'part

numbers' de produtos de fabricantes de software. "Esta é uma prática

ilegal, que se traduz num favorecimento explícito de determinados

fornecedores, em prejuízo do bom funcionamento do mercado,

desincentivando a concorrência e provocando um aumento da despesa

pública."

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