Iberdrola acusa EDP de "estratégia agressiva" para recuperar clientes
"No espaço de um ano, a taxa de regresso [dos clientes da EDP que mudam para a Iberdrola] é quase total. Não temos dificuldades em angariar clientes, mas sim em mantê-los". Confirmando a "estratégia agressiva" da EDP Comercial (através de telefonemas e cartas enviadas aos antigos clientes), a diretora comercial da Iberdrola, Carla Costa, refere ainda que muitos clientes que mudam de fornecedor de eletricidade acabam por desistir ao fim de apenas 15 dias, "sem sequer receberem a primeira fatura e verem as diferenças de preço e de serviço".
Neste contexto, a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ESRE) aplicou já uma medida cautelar à EDP Comercial, que obriga à cessação imediata da utilização de expressões suscetíveis de induzir em erro em cartas enviadas aos consumidores, tais como “voltar para a EDP é fácil e não tem custos”, entre outras. Nas mesmas cartas é também referido que a mudança para a EDP Comercial não implica a “interrupção do fornecimento de energia”, o que suscita “um receio injustificado e infundado relativamente à continuidade da prestação de um serviço público essencial".
A EDP garantiu entretanto que já eliminou as referidas "expressões" das cartas de despedida enviadas aos clientes e garantiu que se trata de “uma prática absolutamente comum no mercado liberalizado de energia ibérico”.
No entanto, a ERSE recomenda que no processo de mudança de fornecedor, “os comercializadores devem abster-se de, em quaisquer contactos com antigos clientes – nomeadamente, por carta, telefone, mensagem escrita ou visita domiciliária -, efetuados com o propósito comercial de (re)captação desses clientes".
De acordo com dados da Iberdrola, a empresa angariou em 2017 cerca de 150 mil contratos de eletricidade e mais de 10 mil contratos de gás. O objetivo da empresa é atingir meio milhão de clientes até 2020, em Portugal, face aos atuais 160 mil, o que representa um crescimento de mais 340 mil clientes, ou seja cerca de 300% acima do número atual. "É um objetivo realista", garante Carla Costa.
A aposta estratégica no aumento do número de clientes vai começar já em 2018, através do reforço da rede de lojas, incluindo novas lojas pop up em centros comerciais, e uma aposta na presença online. "Já crescemos em volume e agora queremos fazer crescer o número de clientes residenciais. É nesse mercado que queremos apostar", diz a diretora comercial.
No segmento dos grandes clientes, a Iberdrola tem a liderança, seguida de perto pela Endesa. Para além de uma carteira de clientes em crescimento nos setores residencial e industrial, a Iberdrola detém em Portugal uma quota de mercado de 14%, que quer fazer crescer para os 20%, garante Carla Costa.
No que diz respeito aos preços, a Iberdrola anunciou para 2018 uma descida média de 2,4%. “De acordo com a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), encontra-se prevista uma baixa de preço das tarifas de acesso às redes de distribuição de energia, em 2018. Desta forma, a Iberdrola, e de acordo com a sua política, transferirá para os seus clientes a totalidade desta redução”, anunciou a Iberdrola no mesmo dia em que a EDP Comercial anunciou uma subida média de 2,5% nos preços para 2018.
Para a Iberdrola, este ano ficará também marcado pela continuação dos trabalhos de construção do Sistema Eletroprodutor do Tâmega, que contempla a construção de três barragens – Alto Tâmega, Daivões e Gouvães – e que contará com uma capacidade instalada de 1.158 MW, com uma capacidade estimada de produção anual de mais de 1.760 GWh.
As obras, que se prolongarão até 2023, já se encontram em curso no rio Tâmega e significarão um investimento de mais de 1.500 milhões de euros. Estima-se que a construção desta infraestrutura energética propicie a criação de 13.500 empregos durante o período de construção, dos quais 3.500 serão de forma direta e 10.000 de forma indireta. Atualmente, a Iberdrola conta já com mais de 1.500 colaboradores a trabalhar neste projeto, de forma direta.