A possibilidade de saída do Reino Unido da União Europeia, prevista para março, sem um acordo, pode colocar em risco as companhias aéreas que não são detidas por empresas europeias. Para fazer face a possíveis consequências, a União Europeia já está a preparar um plano de contingência para contornar a possibilidade de um 'hard' Brexit.
Em relação às companhias aéreas, o aviso é simples: as companhias que não forem controladas em pelo menos 51%, por um país da comunidade europeia, perdem a permissão de voo dentro da União Europeia.
Segundo o espanhol El País, a companhia aérea Iberia tem utilizado alguns argumentos a seu favor: o facto de a companhia ser espanhola porque tem a sede em Espanha, e ser controlada maioritariamente pelo grupo espanhol El Corte Inglés.
A holding International Airlines Group (IAG), formou-se em 2010 como resultado da fusão da companhia espanhola com a British Airways. Nessa altura, foram divididos os direitos políticos e os direitos económicos.
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Por isso, a Iberia tem dois tipos de proprietários: a IAG, dona dos direitos económicos, e a sociedade espanhola Ib Opco, responsável pelos direitos políticos é a sociedade espanhola Ib Opco. Nesta sociedade (Ib Opco), explica o El País, repartiram-se os direitos políticos da seguinte forma: 49,9% da IAG e 50,01% da Garanair. Uma vez que a Garanair é propriedade do El Corte Inglés, a Iberia consegue alegar que é maioritariamente detida por um grupo da comunidade europeia. Assim, poderá estar protegida de eventuais medidas que podem resultar de um 'brexit' sem acordo.
O Grupo IAG controla ainda a Vueling, a British Airways e a Aer lingus. O IAG é ainda controlado pela 21,4% Qatar Airways (21,4%) e pelo fundo norte-americano Europacific Growth (5,26%). Se os cidadãos britânicos deixarem de fazer parte da comunidade europeia, prevê-se que a Iberia tenha algumas dificuldades em provar que mais de 50% é controlado por empresas da União Europeia, refere o mesmo jornal.
Além da Iberia, companhias aéreas como a Ryanair e a easyJet, também terão de começar a preparar a sua defesa. Agora, resta saber se a Comissão Europeia aceita estes argumentos e se o Reino Unido conseguirá deixar a União Europeia com um acordo. O parlamento britânico agendou um novo debate sobre o acordo do Brexit para a próxima semana, 09 de janeiro.