Portugal é o 6º país no mundo com mais mulheres empresárias e ocupa a 22ª posição num ranking global. Estes são apenas dois resultados do Mastercard Index of Women Entrepreneurs (MIWE), realizado desde 2017 em 65 países e regiões pela empresa que tenho o orgulho de liderar em Portugal.
Os temas da igualdade de géneros, da inclusão e da diversidade são prioritários para a Mastercard e não poderia ser de outra maneira, já que as mulheres representam 37% do PIB mundial, mas continuam a enfrentar mais barreiras ao seu desenvolvimento pessoal e profissional.
Na edição mais recente já é possível verificar o impacto da pandemia e confirma-se que as mulheres foram mais severamente afetadas que os homens, em todas as dimensões sociais e humanas. O Fórum Económico Mundial realça também que o impacto da pandemia ameaça reverter décadas de progresso na igualdade de género, ameaçando acrescentar mais 36 anos ao tempo estimado para alcançar a igualdade no trabalho e nas empresas.
Em Portugal, as mulheres souberam empreender e essa resiliência ajudou o País a conquistar mais uma posição neste ranking global. Também um pouco por todo o mundo, como nos mostra o MIWE, as mulheres voltaram a demonstrar uma incrível resiliência e engenho, porque não só conseguiram enfrentar as dificuldades económicas, como foram pilares fundamentais no seio das nossas comunidades.
Sendo certo que as mulheres têm representado um investimento vital para o nosso futuro económico e coletivo, ainda não se verifica um apoio generalizado dos setores público e privado, nem estão ainda criadas as bases para vencerem na nova economia digital. Ainda há barreiras sistémicas e sociais que precisam ser derrubadas, que vão da formação básica às competências STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática).
Vale a pena salientar que, neste domínio, Portugal tem sido um dos países europeus com maiores progressos, com as mulheres a representarem um terço das jovens licenciadas nas áreas STEM , à frente de países como a Espanha, Suécia ou Alemanha, e com a proporção de mulheres em empregos em STEM a ascender já a 44% do total. Portugal é, também, o segundo país da União Europeia com a maior percentagem de mulheres cientistas e engenheiras.
Se quisermos ser então mais concretos, onde devemos focar a nossa atenção imediata? Há duas áreas em que estamos significativamente abaixo da média global: no acesso das mulheres empresárias a produtos financeiros e nos apoios às PME que lideram.
Pela parte que nos diz respeito, temos duas metas claras no nosso horizonte 2025. Ligar 25 milhões de mulheres empreendedoras à economia digital e inspirar 5 milhões de raparigas em todo o mundo, entre os 8 e os 16 anos de idade, a seguirem carreiras nas áreas STEM.
Criarmos melhores condições e darmos mais espaço ao espírito empreendedor das mulheres, sejam elas proprietárias de lojas locais ou líderes de novas empresas tecnológicas, não é inalcançável. Os indicadores que referi dão-nos confiança que a evolução nos próximos anos poderá ser positiva, ao nível da igualdade de género nas empresas e no trabalho. As áreas de intervenção já estão identificadas. Só falta, claro, a vontade política e a mobilização adequada de recursos.
Já não falta tudo!
Maria Antónia Saldanha, country manager da Mastercard Portugal