Estamos a testemunhar, desde o ano passado, uma reviravolta em todo o mundo. Ainda que vaticinada por alguns, a pandemia iniciou um ciclo de perturbações em todos os setores e indústrias - e a Construção não foi exceção. No entanto, o nosso olhar deve ser positivo. Apesar das quebras, a atividade nunca parou e, ainda que outros problemas, como a escassez de materiais, se comecem a impor, há espaço para continuarmos a crescer. Dentro da fileira da Construção e do Imobiliário, um segmento tem reagido particularmente bem: o do imobiliário de luxo, neste momento, um dos bons aliados ao crescimento da Construção.
Quando o teletrabalho passou a ser regra, muitos foram os que se viram levados a adaptar a casa aos novos requisitos - mas também houve quem iniciasse uma procura por alternativas com melhores condições. O setor do imobiliário de luxo apresentou-se como uma das respostas possíveis, e a realidade é que a chegada da pandemia ajudou à estabilização dos preços deste mercado. Atualmente, as "Residências de Marca", um segmento dos imóveis de luxo que concilia a exclusividade dos serviços hoteleiros ao conforto de uma casa própria, estão a ganhar muita força. Também as casas de luxo fora dos centros urbanos parecem ser uma solução às novas exigências, já que, mantendo o status premium, apresentam a tranquilidade e a privacidade que muitos procuram.
Mas, dentro do luxo, não é apenas o mercado residencial que merece a nossa atenção. Também o mercado comercial continua a ser uma boa fonte de investimentos, apesar dos efeitos da pandemia. As marcas de segmento alto continuam a apostar fortemente na sua consolidação em zonas premium, como é o caso da lisboeta Avenida da Liberdade que junta, numa só rua, as mais variadas marcas de luxo. Este segmento continua a "dar cartas" e a Construção pode criar respostas para os requisitos dos investidores, auxiliando também nas remodelações por eles pretendidas. O mercado de luxo português está em expansão, e as oportunidades de investimento nos imóveis deste segmento são amplas e asseguram a conquista das exigências dos compradores.
Tenho defendido que Portugal é um país privilegiado e altamente estratégico para quem procura investir em imobiliário. Depois de Lisboa ter sido considerada uma das melhores cidades europeias para se investir, surgem cada vez mais oportunidades para compradores, especialmente estrangeiros, que procuram locais que respeitem, especialmente, questões éticas e ambientais - algo que Portugal oferece, com distinção.
Em 2008, ano de outra grande crise, foi o setor imobiliário que ajudou na recuperação económica, provando-se essencial à retoma do país. Desta vez, encaro o segmento do luxo, um nicho onde os investimentos avultados são uma regra, como uma desejável ajuda impulsionadora à fileira da Construção, enquanto a tão anunciada "bazuca europeia" não chega e se aguarda pela retoma da dinâmica pré-pandemia.
Nuno Garcia, diretor-geral da GesConsult