Atualmente, a inclusão financeira [1] é um aspeto fundamental para a inclusão social, ao ajudar a resolver uma série de questões sociais, tais como o crescimento económico, o emprego, a pobreza e a igualdade de rendimentos, desempenhando dessa forma um importante papel para a concretização de muitos dos "Objetivos de Desenvolvimento Sustentável", definidos pela Organização das Nações Unidas..De acordo com o grupo de peritos do Banco Mundial, a inclusão financeira é a pedra angular não só de uma sociedade justa e equitativa, como também de uma economia próspera, ao facilitar a mobilidade social e garantir que o maior número de pessoas possa participar de forma mais plena e eficaz na vida económica. Desta forma, ter acesso a uma conta bancária ou de pagamentos é o primeiro passo para uma inclusão financeira mais ampla, uma vez que pela simples utilização da mesma as pessoas podem poupar e controlar o seu dinheiro, efetuar e receber pagamentos ou transferências, bem como qualquer outra transação financeira essencial. Assim, a possibilidade dada às pessoas bancarizadas de gerir de forma fácil e personalizada o seu orçamento e os seus serviços financeiros no seu quotidiano, tal como já o fazem com outras tarefas diariamente, confere ao setor financeiro um lugar primordial neste processo. Torna-se claro que a liberdade de escolha, a acessibilidade e a simplicidade na utilização destas ferramentas seja o principal atrativo para qualquer pessoa dispor de uma conta. De igual modo, e conforme destacado pelo relatório "UFA2020" (Universal Financial Access) do Grupo Banco Mundial, é também um dos princípios basilares facultar estes serviços financeiros essenciais, tipicamente disponibilizados pelas próprias contas de pagamento, a baixos custos. .É necessário compreender que a não bancarização está mais presente em países menos desenvolvidos, onde o acesso à informação é menor e, consequentemente, se verifica uma forte lacuna na esfera da literacia financeira. Deste modo, urge contrariar este dilema e, é aqui, que se acentua, uma vez mais, a função crucial do setor financeiro no combate à desinformação, na promoção da formação de toda a população, e à construção de fáceis acessos ao setor. Sem dúvida que é espantoso perceber que aquelas que são para muitos tarefas elementares do dia a dia, adquirem um novo significado e dificuldade acrescida para pessoas que não disponham, pelo menos, de uma conta de pagamento..Desde logo, basta analisar o caso do planeamento familiar, que implica uma definição clara dos objetivos financeiros a curto e a médio prazo ou, até, de emergências. Aos dias de hoje, essa gestão torna-se, em certa medida, impraticável ou muito difícil, em especial em famílias numerosas, sem o acesso a uma conta. Como tal, impõe-se abordar a frequente predominância da posição da mulher versus a do homem em certos encargos, e questionar se não fará sentido que a mulher tenha também uma posição dominante nas decisões financeiras do agregado? Posição essa diretamente relacionada com as escolhas que já faz diariamente, e que irá indiscutivelmente melhorar a qualidade de vida do seio familiar e garantir a sua independência financeira..Assim, é natural que quando as pessoas se tornam titulares de contas, exista uma inerente propensão para utilizarem outros serviços financeiros, tais como o crédito e seguros, para iniciar e expandir negócios, investir na educação ou na saúde ou, simplesmente, para armazenamento de poupanças..É neste cenário que a função desempenhada pelos balcões e pontos de venda da rede bancária, enquanto veículos de comunicação por excelência entre as instituições financeiras e as populações, urbanas e rurais, se demonstra imprescindível no processo de inclusão e literacia financeira. A sua localização, assente numa ótica de proximidade e de confiança, permite uma facilidade de contacto para a partilha de conhecimento sobre noções básicas de utilização dos instrumentos financeiros junto das comunidades locais..Por fim, e adicionalmente às questões da literacia e da acessibilidade financeira, o referido relatório aponta como princípio ou ação-chave que as autoridades implementem as necessárias reformas no quadro jurídico e regulamentar que fomentem o acesso e assegurem condições equitativas para bancos e não-bancos (ou prestadores de serviços não tradicionais), empresas "fintech" e redes de agentes, no sentido de promover a inovação e a concorrência, ao mesmo tempo que protegem os consumidores e sustentam a sua inclusão financeira.. [1] A inclusão financeira significa que os indivíduos e as empresas têm acesso a produtos e serviços financeiros úteis e acessíveis que satisfazem as suas necessidades: transações, pagamentos, poupanças, crédito e seguros - realizados de uma forma responsável e sustentável (in Financial inclusion is a key enabler to reducing poverty and boosting prosperity, The World Bank)..CEO da Nickel Portugal