Já há empresas em Portugal que dispõem de uma ferramenta gratuita para saber se estão muito ou nada avançadas em termos de digitalização das suas práticas. Por agora, o Índice de Maturidade Digital da Indústria ainda só está disponível para as indústrias da sub-região do Tâmega e Sousa, numa iniciativa da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Politécnico do Porto, em parceria com a Finance XXI Consulting.
Os empresários interessados apenas têm de tirar um pouco do seu tempo, que não chegará a meia hora, para responder a um inquérito confidencial. O resultado é automático e emitido logo após a submissão das respostas, garante José Marques da Silva, CEO da Finance XXI Consulting.
Numa fase posterior, quando houver massa crítica de resultados, a ideia é dar ao empresário uma ideia do seu posicionamento face ao setor onde se insere. E está também nos planos dos promotores desta inovação alargar a experiência à região Norte e, mais tarde, ao país inteiro.
Os setores abrangidos são todos os que estejas ligados à indústria. No caso do Tâmega e Sousa, os mais representativos são o calçado, têxtil, metalurgia, agroalimentar e mobiliário. No seu conjunto, indica José Marques da Silva, só estes representam 43% do Valor Acrescentado Bruto (VAB) da subregião, bem como 50% do emprego.
A base do questionário surgiu de estudos prévios para sondar o que é que as empresas queriam saber: "Este projeto nasceu da necessidade concreta das empresas", enaltece o gestor, sublinhado até com orgulho o facto de "não ter qualquer financiamento público".
"O desenvolvimento da plataforma foi estruturado para permitir padronizar respostas e estabelecer indicadores, para dar aos empresários pontuações que avaliam o grau de digitalização das suas indústrias em três dimensões: nos processos, nos produtos e na estratégia."
Próximas etapas
Mas, mais do que uma pontuação numérica, o relatório de avaliação individual emitido para a requerente dá também uma explicação dos resultados para cada parâmetro, permitido ao industrial saber o que lhe falta fazer para subir na escala da digitalização.
O objetivo dos promotores do projeto é abranger 150 indústrias da subregião até ao final do primeiro semestre, mas com a expectativa de chegar a 35 a 40% até ao final do ano. Segundo José Marques da Silva, "estamos a falar de um universo entre três e quatro mil unidades, sendo cerca de 1050 apenas do setor do calçado". E com outras particularidades: 99,8% das empresas em causa são PME, além de apenas 0,2% ter capital estrangeiro - a percentagem mais baixa do país, nota o gestor.
Na primeira fase do projeto, a ideia é "testar, desenvolver, corrigir e consolidar a base de dados", para numa fase posterior, que o gestor coloca no primeiro trimestre de 2022, disponibilizar o acesso ao Índice às empresas da região Norte, e depois chegar a todo o país.
Mesmo os setores agora alvo do diagnóstico também não deverão ficar por aqui. Há o objetivo de incluir outras atividades. José Marques da Silva admite que possa haver apoio público para que as empresas implementem as mudanças sugeridas, estando mesmo a ser pensadas formas de ajudas profissionais, como ao nível robótica, da formação de pessoas ou da adoção de tecnologias que viabilizem a maturidade digital da empresa.
Por agora, ainda são apenas emitidos relatórios individuais, mas há a intenção de elaborar relatórios setoriais e, ainda, outra informação relevante para divulgação pública, sob a forma de um ranking periódico.
Os indicadores "poderão ajudar na definição das prioridades e estratégias regionais de apoio às empresas, bem como a definição de políticas públicas de apoio à indústria, alinhadas com as necessidade concretas das empresas", esperam os promotores.