As instalações da Uber em Lisboa estão esta terça-feira a ser alvo de buscas, mas a plataforma eletrónica “não é a entidade visada das mesmas”, segundo a empresa..“Confirmamos as diligências nas nossas instalações, sendo que a Uber não é a entidade visada das mesmas. Estamos a colaborar com as autoridades e a disponibilizar toda a informação solicitada”, confirmou fonte oficial da Uber, numa nota enviada à Lusa..De acordo com a estação de televisão CNN Portugal, está em curso uma busca da Autoridade Tributária, do Ministério Público e da Segurança Social (AT) na sede da Uber..Segundo adiantou a CNN Portugal, o acesso ao piso onde estão localizados os servidores da empresa foram vedados aos funcionários..A estação de televisão acrescentou também que os inspetores estão a investigar informação comercial e que a investigação poderá estar ligada com a frota de estafetas ligada à Uber Eats, que coloca em contacto os motoristas com os restaurantes..A acompanhar as buscas estão vários elementos da Guarda Nacional Republicana, ainda de acordo com a CNN..A Lusa já questionou a Procuradoria-Geral da República sobre o caso, mas aguarda ainda uma resposta..Suspeitas de apropriação indevida de 28 milhões de euros em IVA na origem das buscas às instalações da Uber.As autoridades suspeitam que o Estado terá sido lesado em 28 milhões de euros em IVA, por ilegalidades cometidas por empresas de entrega de refeições ao domicílio através da Uber, que estão na origem das buscas em instalações da empresa..Num comunicado, entretanto, divulgado pelo Instituto da Segurança Social, este organismo refere que uma equipa mista que integra também a Autoridade tributária e Aduaneira (AT) e outros organismos, colocou hoje no terreno uma operação visando "a perseguição de ilícitos criminais tributários no setor das empresas de distribuição de refeições ao domicílio", estimando-se que até à data este esquema tenha resultado na subtração de 28 milhões de euros em IVA..A este valor, acrescenta, deverá somar-se o montante correspondente às contribuições para a Segurança Social, que ainda não está apurado..Na operação, denominada "Express Delivery", estão a ser cumpridos 65 mandados de busca, sendo 31 de busca domiciliária, 14 não domiciliárias, e 20 a veículos..Os factos sob investigação "compreendem várias empresas relacionadas com a prestação de serviços, através de uma plataforma digital de entrega de refeições ao domicílio, e respetivos gabinetes de contabilidade", adianta o comunicado, acrescentando que se reportam aos anos de 2020 a 2024 e estão relacionados "com a suspeita de criação de um esquema fraudulento, suportado num circuito de faturação falsa"..O objetivo deste esquema é a "apropriação indevida de elevados montantes de IVA", bem como o não pagamento de contribuições por via da ocultação, perante a Segurança Social, dos trabalhadores que realizam os serviços de entrega"..Na mira das autoridades estão, assim, suspeitas da prática de atos passíveis de configurar ilícitos criminais de fraude qualificada e fraude contra a Segurança Social..As buscas têm a direção do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), que participa na operação com a presença de quatro magistrados do Ministério Público, e contam com uma equipa mista do Departamento de Fiscalização (DF) do ISS, da Inspeção Tributária e Aduaneira da AT e da Direção de Serviços de Investigação da Fraude e de Ações Especiais (DSIFAE), com o apoio operacional da Unidade de Ação Fiscal da GNR..A "Express Delivery" está a decorrer nos distritos de Lisboa, Setúbal, Coimbra, Aveiro e Braga, com as buscas a serem levadas a cabo por 39 inspetores do Instituto da Segurança Social, cerca de 80 inspetores tributários e aduaneiros e 55 militares da Unidade de Ação Fiscal da GNR.