IPSS com caminho facilitado para o acesso ao digital 

Plataforma online que permite a criação gratuita de sites vai continuar ativa, apesar de o projeto que a instituiu ter chegado ao fim
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A plataforma SomosIPSS, que permite às Instituições Sociais de Solidariedade Social (IPSS) criarem o seu site de forma gratuita, entre outras valências, vai manter-se ativa, apesar de o projeto que esteve na sua origem ter terminado, garantem Rui Marques e Augusta Ferreira, docentes na Universidade de Aveiro e corresponsáveis pelo projeto.

Num ano, registaram-se na plataforma 322 IPSS, mas apenas 147 a usaram para criar o seu site. Destas últimas, só 41 responderam, pelo menos, a um dos inquéritos disponibilizados - ferramentas essenciais que permitem às instituições aferir o seu estado em cerca de 80 indicadores, para os anos de 2018, 2019 e 2020.

Além da sustentabilidade financeira, os inquéritos (confidenciais) estão direcionados para a avaliação da IPSS em termos de maturidade de governação; de relacionamento com os utentes, trabalhadores, fornecedores e comunidade onde atua; de capacidade de criação de emprego; de proteção do ambiente; e de capacidade de adaptação tecnológica.

Concluído o projeto, o documento com a síntese dos resultados foi elaborado com base apenas em respostas dadas para os três anos em consideração, para se poder aferir do impacto da pandemia neste tipo de instituições.

"Reconhecemos que a pandemia possa ter sobrecarregado os recursos humanos destas instituições e terem ficado sem meios para tantas solicitações. De facto, gostaríamos que tivesse havido mais instituições a responder. Era uma forma de avaliarem o seu próprio desempenho, em termos económicos, financeiros, ambientais e sociais, com a possibilidade de se compararem com as restantes ou com as suas próprias metas", comenta Augusta Ferreira.

Nova candidatura
Com uma amostragem tão reduzida, face até ao universo de perto de cinco mil IPSS existentes no país, não foi possível avançar ainda com a elaboração de um anuário que permitisse caracterizar as instituições em causa e seguir a sua evolução, embora o objetivo de o concretizar se mantenha vivo.

Mas os responsáveis pelo projeto (designado por TheoFrameAccountability - Theoretical framework for promotion of accountability in the social economy setor: the IPSS case) não tencionam ficar por aqui. Neste momento, prosseguem contactos com entidades do setor que já manifestaram interesse em contribuir para a continuidade da plataforma.

"Há contratos e protocolos em preparação", confirma Rui Marques, sem adiantar pormenores. Augusta Ferreira acrescenta a importância que atribuem às IPSS com o que elas significam: "Apesar de representarem 8% da economia social do país, têm um peso muito maior no valor que geram e no emprego que asseguram".

No contexto, os responsáveis destacam o papel da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) por ter sido a entidade que "permitiu maior aproximação entre o meio académico e estas instituições da economia social. Há muito que não se via uma relação tão próxima entre as duas realidades".

Para o futuro, Rui Marques avança que a equipa - até aqui com 16 elementos - "já está a cozinhar uma nova candidatura para um projeto na área da economia social para completar o que se iniciou". Os detalhes ficam para mais tarde.

A ideia inicial destas iniciativas nasceu de um grupo de colegas do Instituto de Contabilidade e Administração da Universidade de Aveiro (ISCA-UA), que acabou por ser o promotor do projeto, com a intenção de dotar as IPSS de meios para tornarem as suas contas mais transparentes.

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