Isabel dos Santos distancia-se das irregularidades detetadas pela CMVM

Empresas de Isabel dos Santos deverão "constituir-se assistentes" em processos judiciais que venham a ser instaurados.
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Esta quinta-feira, um dia depois de a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) ter anunciado que vai enviar ao Ministério Público indícios que encontrou na supervisão que efetuou junto de auditores de entidades ligadas ao caso Luanda Leaks, os advogados de Isabel dos Santos esclarecem que não se pode associar as empresas da empresária angolana ao relatório da CMVM.

Os representantes de Isabel dos Santos distanciam a empresária dos eventuais crimes cometidos pelos auditores de empresas da investidora. Os advogados salientam que as empresas de Isabel dos Santos "serão as primeiras interessadas no cabal esclarecimento de eventuais irregularidades e não deixarão de se constituir assistentes, se tais processos existirem" contra auditores.

"Equivocadamente, algumas das notícias publicadas incorreram no erro de colarem o nome das empresas da Eng. Isabel dos Santos como sendo parte do relatório da CMVM e tal não corresponde à verdade, pois o relatório da CMVM diz apenas respeito à qualidade do trabalho e dos processos das empresas de auditoria, pelo que as empresas da Eng. Isabel dos Santos, enquanto clientes, nada têm que ver com eventuais irregularidades que empresas de auditoria possam ter no seu funcionamento e que possam constar deste relatório", pode ler-se os advogados numa nota enviada às redações.

A ação de supervisão da CMVM foi, no entanto, desencadeada no início deste ano depois de, a 19 de janeiro, o Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação ter revelado mais de 715 mil ficheiros, denominados Luanda Leaks, num escândalo que envolve a filha e o genro do antigo presidente de Angola, José Eduardo dos Santos.

Segundo os mesmos advogados, "as empresas [de Isabel dos Santos] foram clientes de boa-fé e confiaram no currículo e capacidade profissional dessas empresas de auditoria e serão as primeiras interessadas no cabal esclarecimento de eventuais irregularidades e não deixarão de se constituir assistentes, se tais processos existirem, para zelar pela defesa dos seus direitos face a supostas práticas irregulares das ditas auditoras".

A CMVM instaurou 10 ações de supervisão junto de nove auditores, "envolvendo 27 entidades auditadas e 84 dossiês de auditoria, no seguimento das notícias veiculadas nos meios de comunicação social sobre o caso denominado Luanda Leaks", explica o supervisor dos auditores, e "onde foram identificados indícios de incumprimento da Lei n.º 83/2017, de 18 de agosto e da Lei n.º 25/2008, de 5 de junho, relativas à prevenção e combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo" e "à conformidade do trabalho realizado com as normas profissionais e disposições legais e regulamentares aplicáveis no que diz respeito a saldos e transações com partes relacionadas".

"Na presente data, estão ainda em curso cinco ações de supervisão sobre cinco auditores a respeito desta matéria", refere a CMVM.

Leia também o artigo Luanda Leaks: CMVM envia processos para o Ministério Público, para conhecer as irregularidades detetadas e que constam no relatório anual de supervisão de auditoria.

Atualizada às 12H31 com mais informação

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