ISP diz que Tranquilidade valia 200 milhões e não 700 milhões

O presidente do Instituto de Seguros de Portugal (ISP), José Almaça, não tem dúvidas de que a Tranquilidade não valia 700 milhões de euros.
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José Almaça comparou esse valor à avaliação que foi atribuída à Fidelidade - a maior seguradora do mercado - aquando a venda aos chineses da Fosun,

"O preço a que foi vendida uma seguradora que é a Fidelidade que tem uma quota de mercado de 26% foi avaliada 1,1 mil milhões. A Tranquilidade tem quota de mercado de 3,28%. A Fidelidade tem 13 mil milhões de euros de ativos e a Tranquilidade dois mil milhões de ativos. Na minha opinião não valeria os 700 milhões de euros", afirmou José Almaça, na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES).

O presidente do ISP explicou que,"numa situação normal, sem convulsões e sem ter por trás o grupo BES, com uma quota de mercado de 3,28%, ativos de 1,27 mil milhões de euros de ativos, e um volume de prémios de 400 milhões de euros, a companhia [Tranquilidade] poderia valer entre 200 e 250 milhões".

A Tranquilidade foi vendida à Apollo Global Management por 215 milhões de euros. Deste montante 48 milhões de euros serão parao Novo Banco e 150 milhões de euros vão ser injetados diretamente na Tranquilidade.

Os 48 milhões de euros a pagar ao Novo Banco referem-se ao montante utilizado numa linha de crédito que a Espírito Santo Financial Group (ESFG) contraiu junto do BES e em que a Tranquilidade foi dada como garantia. Esta linha terá sido constituída para assegurar o reembolso de papel comercial vendido aos balcões do BES e podia ir até 700 milhões de euros, mas apenas foram utilizados 48 milhões.

A venda da Tranquilidade fazia parte do plano de restruturação acordado com o regulador que, caso não fosse cumprido, poderia mesmo implicar perder a licença.

"O ISP transmitiu que a inação do acionista poderia determinar que o Instituto de Seguros de Portugal iniciasse, num curto espaço de tempo, os procedimentos com vista à revogação da autorização para o exercício da atividade seguradora da Tranquilidade, se essa fosse a única forma de salvaguardar os interesses dos seus tomadores de seguro, segurados e beneficiários, pelo que entendia que, na ausência de indicação em contrário dos acionistas, se impunha que a Comissão Executiva da Tranquilidade realizasse as negociações que, no seu entender, fossem necessárias para a alienação do seu capital social", afirmou José Almaça,

Em resposta aos deputados, o presidente do ISP revelou também que, atualmente, o supervisor para a área de seguros está "a recolher informações para apurar de quem tem a responsabilidade de quê, o que ainda não acabámos".

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