Enquanto escrevo o mundo aguarda ainda pelo resultado final das eleições Americanas. Numa das mais renhidas e relevantes eleições de sempre, em que o povo Americano não vota apenas para o seu Presidente, mas tem nas suas mãos um contributo decisivo para o destino coletivo de boa parte da humanidade e do planeta..A mudança na política Americana pode ser crucial para influenciar a agenda política e económica da próxima década, determinar a forma como poderemos definir as prioridades dos focos e esforços da economia global, e garantir um pathos e um modelo de governança mundial mais adequado ao contexto do mundo em que queremos viver..Nenhum homem ou nação são uma ilha nem devem estar acima das instituições e dos valores universais que os representam..Não é possível efetivar uma verdadeira transformação de paradigma e concertar esforços políticos, científicos, de inovação e económicos em torno dos desafios mobilizadores e de futuro, ao mesmo tempo que se encontram soluções para as prioridades de curto prazo, sem existir uma melhor liderança, governança e coordenação mundial..É importante não cair em ideologias e demagogias, pois a realidade é dura e o futuro não deve ser ditado apenas por um conjunto de privilegiados, mas contemplar a realidade da generalidade da população e dos milhões de pessoas que sofrem de injustiças, privação do mais essencial, da sua própria dignidade e duma perspetiva de futuro..O novo programa estratégico da Europa assenta essencialmente em três grandes pilares: transição energética, transição digital e uma aposta numa Europa forte focada nas pessoas e nos valores Europeus. A Europa pretende ser um exemplo de modelo para uma economia digital moderna e sustentável. Desafio ambicioso, para uma Europa tecnocrática, em crise e imersa numa pandemia ainda sem solução..Portugal atravessa tempos de crescente instabilidade política, em pleno processo de votação do orçamento na sua especialidade e de negociação com a Comissão Europeia dos detalhes do Plano de Recuperação e Resiliência, para fazer face aos impactos da pandemia, numa economia cada vez mais fragilizada..Neste cenário é difícil manter a objetividade e conciliar uma visão ambiciosa e de futuro, com o foco nos desafios de curto prazo e de sobrevivência económica e social. É fácil perder também a sobriedade e o espírito de rigor e competitividade face à perspetiva de injeção massiva de investimentos na economia. É por isso vital manter o compromisso e ter a consciência da importância das decisões que iremos fazer enquanto país e atores económicos durante os próximos meses e garantir que serão bem aplicados por todos nós..A maioria das empresas está em período de planeamento para 2021, num exercício ambíguo de grande incerteza e fragilidade. A pensar se serão capazes de sobreviver a mais um ano de crise, como fazer face ao fim das moratórias e qual será o impacto do desemprego galopante na economia, cada vez mais protecionista e imprevisível. Ao mesmo tempo que procuram energia para fazer parte deste desenho e construção da economia do futuro..Como pessoa de inovação sou um otimista no futuro e acredito que somos capazes de encontrar as melhores soluções em conjunto e de forma colaborativa. Mais do que tecnologia e dinheiro precisamos de boas pessoas, precisamos dum novo mindset global e de focar nas prioridades relevantes. Precisamos de saber gerir com uma inteligência mergulhada no coração. Queremos todos respostas rápidas e de acreditar que o pior já passou, mas é preciso persistir, pois "it's not over until the fat lady sings"..*Cofundador e CEO da Beta-i