O Governo afirmou que as adjudicações por ajuste direto para a realização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) não colocaram em “causa a aplicação correta dos dinheiros públicos e a transparência da organização”..“Os ajustes diretos ajudaram à concretização da obra, mas sem nunca pôr em causa a aplicação correta dos dinheiros públicos e a transparência da organização, por parte do Governo”, defendeu em comunicado o gabinete da ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, que teve a tutela do planeamento do evento da Igreja Católica no Governo..A posição governamental surge na sequência da divulgação do relatório de auditoria do Tribunal de Contas (TdC), que alertou os responsáveis da JMJ para o excesso de adjudicações por ajuste direto, que representaram mais de metade dos contratos..O TdC avisou a Assembleia da República e o Governo que, “em situações futuras e relacionadas com a realização de eventos que impliquem a celebração de contratos públicos, diligenciem atempadamente pela sua organização, não aprovando regimes especiais que derroguem os procedimentos que salvaguardam a concorrência”..“O modelo de governação foi desenhado pelo Governo para assegurar a mitigação de riscos na contratação pública compreendendo que haja, num primeiro momento, a identificação das necessidades de contratação pelo Grupo de Projeto, num segundo momento a instrução dos processos de contratação pública pela secretaria-geral da Presidência do Conselho de Ministros, e num terceiro momento, em quase todos os contratos, a fiscalização pelos órgãos de controlo do Estado, designadamente pelo Tribunal de Contas”, refere o relatório..O gabinete da ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares lembrou que o relatório do TdC é “globalmente positivo na avaliação”..Sobre as falhas apontadas ao planeamento, a tutela de Ana Catarina Mendes apontou que a pandemia de covid-19, entre 2020 e 2022, “colocou muitos entraves na organização política e social do país (e de todo o mundo)”, levando ao adiamento da data inicial da JMJ, de 2022 para 2023..Também assinalou que, em 2021, se verificou a dissolução do parlamento, e consequente convocação de eleições legislativas, atrasando “uma preparação mais atempada do evento”..O departamento governamental referiu também que “não se verificaram desvios aos gastos orçamentados”, com o montante dos procedimentos a totalizarem 18,24 milhões de euros, correspondendo a “cerca de 91% do orçamento inicialmente definido para este efeito (20 milhões de euros)”..O Governo acrescentou que foram promovidos um total de 56 procedimentos: cinco concursos públicos ou procedimentos sujeitos a visto prévio do TdC, com um total de 15,33 milhões de euros (84% do montante em análise), três procedimentos de contratação excluída, de 684,63 mil euros (4% do montante em análise), 26 ajustes diretos (sem recurso à regra de exceção constante do OE), com um total de 238,11 mil euros (1% do montante em análise) e 22 ajustes diretos (com recurso à regra de exceção constante do OE), com um total de 1,99 milhões de euros (11 % do montante em análise)..No caso dos cinco concursos públicos ou procedimentos sujeitos a visto prévio do TdC, se forem considerados os contratos remetidos para fiscalização, o montante aumenta para 17,21 milhões de euros (94% do montante em análise)..Lisboa foi a cidade escolhida pelo Papa Francisco para receber a JMJ, um evento que contou com a participação de centenas de milhares de jovens de todo o mundo..As principais cerimónias ocorreram no Parque Eduardo VII e no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.